UDJU RIBA DI NO VOTU

uma análise nacional e regional sobre as práticas E EXPERIÊNCIAS DO ELEITORADO em processos democráticos NA GUINÉ-BISSAU.

Sentido do voto na Região de Biombo

Regional 08/08/2022 — 31/10/2022 Região de Biombo, Setor de Prabis, Setor de Quinhamel, Setor de Safim

A Região de Biombo é a mais próxima da capital Bissau e dividida administrativamente por três setores, nomeadamente, Quinhamel (também capital regional), Prabis e Safim. A região é povoada maioritariamente pela etnia Pepel, conforme mais a frente será apresentada, e configura dois círculos eleitorais: 9 e 10. De acordo com os dados do recenseamento eleitoral de 2018, foi registado 50.490 eleitores que representam, nessa altura, 06,63% da população eleitoral correspondente a 6 mandatos, ou seja, elege 6 deputados para o parlamento nacional.

Eleitores 2018
50.490
Questionários
203
Meta %
0,4 %
Grupo 1 Biombo

1. PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO

O primeiro bloco da análise regional de Biombo descreve o perfil sociodemográfico e económico dos 203 eleitores entrevistados nos setores de Quinhamel, Prabis e Safim. A etnia Pepel representa 81% dos inquiridos, seguida de Balanta (6%) e Mancanha (5%). A faixa etária mais representada situa-se entre os 40 e 49 anos (28%), seguida dos 30 a 39 anos (23%). Do total, 54% são homens e 46% mulheres, com uma distribuição religiosa maioritariamente cristã (42%) e animista (20%). Sessenta por cento são casados, sobretudo em uniões tradicionais (56%), e 82% vivem em agregados com menos de 10 eleitores. O nível de escolaridade mais frequente é 10.ª–12.ª classe (21%), mas 22% não sabem ler nem escrever. As principais fontes de rendimento são a agricultura (44%), o comércio (20%), o setor privado (19%) e o setor público (17%).

regional

Gráfico 1: Etnias dos eleitores.

A etnia Pepel aparece como o grupo predominante da região com 81%, seguido por Balanta e Mancanha, respetivamente, com 6 e 5%, conforme o gráfico 1.

A etnia Pepel aparece como o grupo predominante da região com 81%, seguida por Balanta e Mancanha, respetivamente, com 6 e 5%, conforme o gráfico 1.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico: 2 Faixa etária

Concernente à faixa etária predominante dos eleitores entrevistados em Biombo, está entre os 40 a 49 anos, que representa 28%, em seguida a dos 30 a 39 anos que representa 23%. Esse grupo etário apresenta um reconhecido dinamismo relativamente aos interesses pelas atividades sociopolíticas e certamente constitui uma fonte importante de informação sobre o processo eleitoral no país.

Concernente à faixa etária predominante dos eleitores entrevistados na região, está entre os 40 a 49 anos, que representa 28%, em seguida a dos 30 a 39 anos, que corresponde 23%. São, na verdade, grupos etários dinâmicos relativamente aos interesses pelas atividades sociopolíticas e, certamente, constituem uma fonte importante de informação sobre o processo eleitoral no país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Grafico 3: Sexo do público-alvo do estudo.

Relativamente a questão do género, num universo de 203 eleitores entrevistados na região de Biombo, 46% foram do sexo feminino e 54% do sexo masculino. Esse percentual demonstra que houve uma participação equilibrada do género.

Relativamente a questão do género, num universo de 203 eleitores entrevistados na região de Biombo, 46% foram do sexo feminino e 54% do sexo masculino. Esse percentual demonstra que houve uma participação equilibrada.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 4: Religião dos entrevistados.

No que diz respeito a religiosidade dos eleitores entrevistados nessa região, a cristã representa 42%, seguido da animista com 20%.

No que diz respeito a crença religiosa dos eleitores entrevistados nessa região, a cristã representa 42%, seguida da animista com 20%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 5: Estado civil dos entrevistados.

Entre os eleitores entrevistados a maioria tem responsabilidade familiar, segundo as respostas obtidas 60% são casados, 32% solteiros, enquanto 7% são divorciados e 1 % viúvos.

Entre os eleitores entrevistados, a maioria tem responsabilidade familiar, segundo as respostas obtidas, 60% são casados, 32% solteiros, 7% divorciados e 1 % viúvos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 6: Tipos de casamento do público-alvo.

Entre os casados, o tipo de união predominante é baseado em usos e costumes de cada grupo, e representa 56% dos eleitores entrevistados e 41% não souberam responder.

Salienta-se que o casamento ou união a que se refere é baseado, predominantemente, nos usos e costumes de cada grupo e representa 56% dos eleitores entrevistados, ao passo que 41% dos mesmos não souberam responder.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 7: Capacidade eleitoral

No gráfico 7, os eleitores foram solicitados a informar a capacidade eleitoral do agregado familiar. Em respostas, 82% afirmam que no seu agregado têm menos de 10 pessoas com capacidade eleitoral e 16% afirmam que têm mais de 10.

No gráfico 7, os eleitores foram solicitados a informar a capacidade eleitoral do agregado familiar. Em respostas, 82% esclarecem que nos seus agregados têm menos de 10 pessoas com capacidade eleitoral e 16% enaltecem ter mais de 10.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 8: Nível de escolaridade

Já em relação ao nível de escolaridade dos eleitores entrevistados, de acordo com o gráfico 8, os níveis predominantes são os de 10ª–12ª e 1.ª–4ª classe representado, respetivamente, 21%. É possível ainda constatar que 22% entre os eleitores entrevistados que não sabem ler e nem escrever.

Já em relação ao nível de escolaridade dos eleitores entrevistados, de acordo com o gráfico 8, os níveis predominantes são os de 10ª a 12ª e de 1.ª a 4ª classe, que, infelizmente, representam apenas 21%, um número ao par de 22% dos que não sabem ler e nem escrever.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 9: Fonte de receita.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou elucidar são domínios de atividades laborais dos eleitores entrevistados. Num universo de 203 entrevistados, 44% são agricultores, 19% trabalham no setor privado, 17% no setor público e 20% são comerciantes. Em síntese, e de acordo com os dados são cidadãos com alguma ocupação laboral e que direta ou indiretamente têm contribuído para o processo de apoio ao desenvolvimento do país.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou elucidar é o domínio das atividades laborais dos eleitores entrevistados. Entretanto, dos 203 entrevistados, 44% são agricultores, 19% trabalham no setor privado, sendo 20% comerciantes e 17% no setor público. Em síntese, e de acordo com os dados, são cidadãos com alguma ocupação laboral e que direta ou indiretamente têm contribuído para o processo de apoio ao desenvolvimento do país. Esta parte introdutória condensa o quadro de informação sobre eleitores da região de Biombo, suas experiências e relações que estabelecem com o processo eleitoral.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 2 Biombo

1.2. PERFIL SOBRE A CONFIANÇA NOS CANDIDATOS/AS

O segundo bloco aborda a experiência eleitoral e o nível de confiança política em Biombo. Menos de metade dos entrevistados votou regularmente, sendo que 24% já participaram em pelo menos cinco eleições e 22% em três. Trinta e cinco por cento afirmam ter votado nas eleições gerais de 2019, 26% nas de 1994, 22% nas de 1999 e 17% nas de 2014. A distinção entre eleições gerais, legislativas e presidenciais revelou-se pouco clara para muitos, especialmente entre os menos escolarizados. Quanto à fidelidade partidária, 55% votam sempre no mesmo partido (por confiança no partido ou no programa), enquanto 45% alternam, sobretudo devido ao incumprimento de promessas. Sessenta e cinco por cento não acreditam nas promessas eleitorais; entre os que acreditam, a confiança no partido ou no candidato é determinante. Apesar da desconfiança, a maioria reconhece o potencial da democracia para promover a paz, a justiça social e o desenvolvimento.

regional

Gráfico 10: Nº de vezes que o público-alvo já votou.

A propósito procurou-se observar o nível de confiança dos eleitores nos candidatos, mas sobretudo o que os levam a votar ou não em determinados candidatos e partidos. Nesse sentido, quando questionados quantas vezes já votaram, percebe-se que pouco menos de metade teve regularmente a oportunidade de acompanhar o processo eleitoral. E num universo de 203 eleitores entrevistadas, 24% assumiram que já votaram pelo menos 5 vezes e 22% pelo menos 3 vezes.

Procurou-se observar o nível de confiança dos eleitores nos candidatos, sobretudo o que os levam a votar ou não em determinados candidatos e partidos. Nesse sentido, quando questionados sobre o número de vezes que já votaram, percebe-se que pouco menos da metade conseguiu acompanhar o processo eleitoral. Num conjunto de 203 eleitores entrevistados, 24% assumiram ter votado pelo menos 5 vezes e 22% 3 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 11: Votação nas eleições gerais.

Em relação a participação nas eleições realizadas no país, percebe-se que 26% afirmam terem votado nas eleições gerais em 1994, 22% nas de 1999 e 17 % nas de 2014.

No que diz respeito à participação nas eleições realizadas no país, 26% confirmaram ter votado nas eleições gerais, em 1994, 22% nas de 1999 e 17 % nas de 2014.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 12: Votação nas legislativas.

Em relação ao número de vezes que os eleitores entrevistados votaram nas eleições legislativas, 63% afirmam não terem votado em nenhuma eleição legislativa.

Tratando-se do número de vezes que os eleitores entrevistados votaram nas eleições legislativas, 63% confessaram que nunca haviam votado em quaisquer eleições legislativas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 13: Eleições presidenciais.

De igual modo, nas eleições presidenciais, 63% voltaram a afirmar não terem votado nas eleições presidenciais. Uma das coisas que identificamos durante o trabalho no campo são as dificuldades que os eleitores, sobretudo, os não escolarizados apresentaram em decifrar os termos “eleições gerais, legislativas e presidenciais”. Para eles são simplesmente eleições e, praticamente, em todas as regiões constata-se em menor ou maior grau as dificuldades em fazer diferença no tipo de eleição em que votou. E nesse sentido, muito optam por dizer que não chegou a votar ou em não responder a questão.

De igual modo, nas eleições presidenciais, 63% também assumiram a mesma postura, de nunca terem votado nas eleições presidenciais. Outra constatação, durante o trabalho no campo, é a dificuldade que o eleitor, sobretudo, o não escolarizado, apresentou em decifrar os termos “eleições gerais, legislativas e presidenciais”. De acordo com o mesmo, são simplesmente eleições. Essa dificuldade em diferenciar tipo de eleições em que votou, é inerente a uma boa parcela dos eleitores regionais, em menor ou maior grau. Razão pela qual, muitos optam em dizer que nunca votaram ou, simplesmente, em não responder à questão.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 14: Nível de confiança no partido.

Também foi possível medir o nível de confiança que os eleitores entrevistados possuem em relação ao partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 45% afirmam que não votam sempre no mesmo partido enquanto que 55% afirmam que têm votado sempre no mesmo partido. Aqui estamos praticamente perante um equilíbrio perante as decisões dos eleitores. Ou seja, há um grupo que se assume como volátil e vota em função das próprias exigências, enquanto o outro cuja decisão não altera em termos de escolha e votam recorrentemente pelas ligações que mantém com o partido.

Também foi possível medir o nível de confiança que os eleitores entrevistados possuem em relação aos partidos. Segundo o gráfico 14, nota-se uma ligeira diferença percentual: 45% admitem alternância dos seus votos, mediante as propostas programáticas apresentadas pelos partidos, ou em função das exigências contextuais, ou pela figura do líder da lista para o cargo de futuro chefe de governo. Na outra margem, 55% admitem votos cativos para um determinado partido, podendo concorrer alguns motivos já mencionados para este comportamento estereotipado desses eleitores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 15: Motivos para votar no mesmo partido.

E os principais motivos que os levam a votar sempre no mesmo partido são: 46% afirmam que é por confiança, 38% justificam que é por confiança no programa de governo e 16% manifestam o sentimento de admiração pelo partido.

Os principais motivos, segundo os próprios, que os levam a votar sempre no mesmo partido são: 46% pela confiança, 38% pela qualidade do programa eleitoral/governação e 16% pela fidelidade, valores e sentimentos afetivos pelo partido em causa(admiração).

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 16: Motivos para não votar no mesmo partido.

E para os eleitores entrevistados que afirmam não terem votado recorrentemente no mesmo partido nas eleições, os motivos são as seguintes: 40% porque não cumpriu as promessas da campanha anterior, 36% justificam a falta de confiança no partido e 24% consideram a perda de confiança.

Para os eleitores entrevistados que afirmam não terem votado recorrentemente nos mesmos partidos nas eleições, por seguintes motivos: 40% porque não cumpriram as promessas da campanha anterior, 36% por falta de confiança nos partidos e 24% pela perda de confiança.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 17: Nível de confiança nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Além de procurarmos observar os principais motivos que influenciam os eleitores a votarem ou não num determinado partido nas eleições, foi também o nosso propósito averiguar o nível de confiança nas promessas eleitorais. E num universo de 203 eleitores entrevistados, 65% afirmam que não acreditam nas promessas eleitorais dos candidatos e 35% afirmam acreditar nas promessas.

Além da preocupação de observar os principais motivos que influenciam os eleitores a votarem ou não num determinado partido nas eleições, também se tem o propósito de averiguar o nível de confiança nas promessas eleitorais. E num universo de 203 eleitores entrevistados, 65% atestam descrédito total nas promessas eleitorais dos candidatos e 35% enfatizam o contrário.

Tal como os eleitores entrevistados, os participantes do grupo focal também não creem nas promessas feitas pelos partidos durante o período da campanha eleitoral. A título ilustrativo daquilo que é o sentimento da maioria, atenham-se à intervenção de um dos participantes:

(…) tudo que nos dizem vai sempre para estaca zero. Porque se é com as promessas que um país se desenvolve, a Guine Bissau estaria a frente da Suíça no desenvolvimento. Quando não conseguirem cumprir as suas promessas tiram desculpas que não foram deixados concluir o mandato. Eu particularmente não acredito nas promessas porque nenhuma delas foi cumprida durante todo esse tempo. Se tiver uma que já foi cumprida gostaria que alguém me dissesse. As promessas de construção de pontes, estradas de Biombo, escolas e centros de saúde grátis todas elas ficaram como mão de sal em água. Apenas fazem promessas e quando ganham esquecem-se tudo. Depois mandam autoridades policiais para nos bater (…).

Participante Nº2, Quinhamel • Entrevista de grupo focal • 2022-08-10

Ainda durante a sessão do grupo focal, um participante exprimiu a sua revolta em relação às promessas feitas durante a campanha eleitoral:

(…) Já estamos cansados das promessas, por isso não vale a pena estarmos a repetir a mesma coisa. Não passa como alguém diz aqui, a fome leva o povo aceitar promessa só por ter recebido alguma coisa do candidato. Mas o único candidato que pode ajudar é aquele que tem pena do povo.

Participante Nº5, Quinhamel • Entrevista de grupo focal • 2022-08-10

Conforme mencionado, foram muitas as promessas feitas pelos partidos e candidatos, mas que nunca foram cumpridas. Os eleitores já não confiam nas justificativas, desejam apenas a implementação de políticas públicas favoráveis que melhorem suas condições de vida.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 18: Motivos para acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Portanto, segundo o gráfico 18, os eleitores entrevistados que afirmam que acreditam nas promessas eleitorais dos candidatos, 36% afirmam terem confiança no candidato, 20% afirmam que o candidato apresentou um bom programa de governo e 43% afirmam que acreditam porque confiam no partido.

No gráfico 18, dentre os entrevistados que acreditam nas promessas dos candidatos durante as campanhas eleitorais, as percentagens e justificativas são estas: 36% pela confiança no candidato, 20% pela apresentação de um bom programa de governo e 43% por acreditarem no partido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 19: Motivos para não acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Entretanto, dos eleitores entrevistados que afirmam não acreditarem nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições, 32% afirmam que não acreditam porque não confiam no candidato e 68% afirmam que o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Por outro lado, os eleitores entrevistados, que não acreditam nas promessas dos candidatos às eleições, alegaram o seguinte: 32% por falta de confiança no candidato e 68% por incumprimento das promessas feitas em campanhas anteriores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 20: Processo democrático.

Embora manifestaram a falta de confiança nas constantes promessas que têm recebido dos partidos e candidatos, são da opinião de que a democracia quando muito bem exercido pode ser um instrumento fundamental para a construção do bem-estar comum. E quando questionados sobre o processo democrático do pais, num universo de 203 eleitores entrevistados, 41% afirmam que a democracia serve para construir a paz e justiça social, enquanto 59% afirmam que a democracia serve para promover o desenvolvimento do pais. Basicamente, ambas as leituras são compatíveis os princípios democráticos e os eleitores que a democracia deve servir para assegurar o bem-estar dos cidadãos.

Embora tenha havido muita manifestação de falta de confiança nas constantes promessas dos partidos e candidatos durante as campanhas, também houve demonstração de esperança de um futuro melhor, em que a democracia, quando muito bem exercida, poderá ser um instrumento fundamental para a construção do bem-estar comum. Nessa perspetiva, quando questionados sobre o processo democrático no país, num universo de 203 eleitores entrevistados, 41% dos inquiridos garantiram que a democracia conduz à paz e justiça social e 59% corroboraram que a democracia promove o desenvolvimento do país. Basicamente, percebe-se que ambas as leituras são compatíveis aos princípios democráticos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 21: Significado do período da campanha eleitoral para o público-alvo.

De acordo com o gráfico 21, os eleitores foram questionados sobre as suas compreensões em relação ao período da campanha eleitoral. É interessante observar que, 86% dos entrevistados são categóricos em afirmar que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, mas 9% responderam que o período da campanha eleitoral significa de conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 3% afirmam que significa de conflito entre partidos e candidatos. Se por um lado a maioria de eleitores observam a campanha como momento de debate, uma minoria chama a atenção pelo crescimento de tensão e riscos sociais.

Em conformidade com o gráfico 21, foi aplicado um questionário, aos entrevistados, sobre as suas compreensões em relação ao período da campanha eleitoral. Nesse enquete, observou-se que 86% dos inquiridos asseguraram que o período da campanha eleitoral abre caminhos para a resolução dos problemas da comunidade; 9% dos votantes declararam que essa fase gera conflitos entre famílias e vizinhos na tabanca e, por fim, 3% garantiram que cria conflito entre partidos e candidatos. Se, por um lado, a maior parte observa a campanha como momento de debate, uma minoria chama a atenção pelo crescimento de tensão e riscos sociais. Portanto, pelos argumentos dos entrevistados, constata-se que não houve dúvidas sobre a essência do período da campanha eleitoral. É consensual que esse período deveria favorecer mais debate de ideias entre candidatos e, a partir disso, conduzir os eleitores à reflexão e ao voto consciente.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 3 Biombo

1.3. PERFIL SOBRE A INFLUÊNCIA NO ATO DE VOTAR

O terceiro bloco explora o sentido atribuído ao voto e as influências sobre a decisão eleitoral em Biombo. Para 36% dos entrevistados, votar significa escolher um candidato com programa de desenvolvimento; 32% associam-no à seleção do candidato com melhor programa de governo e outros 32% à escolha do partido que transmite confiança. Noventa e sete por cento afirmam ter votado para contribuir na resolução dos problemas do país, e a maioria declara fazer a escolha de forma pessoal, sem coerção externa. Ainda assim, 72% reconhecem a oferta de bens e dinheiro para angariar votos, destacando-se arroz (35%), camisolas (26%) e dinheiro (18%). Os principais beneficiários destas ofertas são responsáveis locais dos partidos (17%) e as comunidades (16%).

regional

Gráfico 22: Significado do ato de votar para o público-alvo.

O estudo também procurou entender o que significa o ato de votar para o público-alvo na região de Biombo. Assim sendo, num universo de 203 entrevistados/as, 32% afirmam que, para eles, o ato de votar significa eleger o candidato com melhor programa de governo; 36% afirmam que significa eleger o candidato com programa para o desenvolvimento; e 32% afirmam que significa eleger o partido que transmite confiança.

Nesta parte, procurou-se observar as influências que os eleitores sofrem na hora de votar. O propósito é saber até que ponto eles são autónomos e não se deixam monopolizar nesse momento de decisão. Entretanto, foi com base nessa preocupação que se aplicou um questionário aos eleitores de Biombo sobre o significado do voto. Assim sendo, num universo de 203 eleitores entrevistados, 32% alegaram que o ato de votar significa eleger o candidato com melhor programa de governo; 36% elegem o candidato com programa para o desenvolvimento e 32% o partido que transmite a confiança.

E como forma de dar mais realce a sua tese, durante o grupo focal, um dos participantes acrescentou:

«(…) é necessário fazer campanhas de sensibilização para informar o que é a democracia, a fim de evitar aliciamento, que alguém aceite um saco de arroz em troca de voto. Esses comportamentos afetam todos nós.»

Participante n.º 4, grupo focal em Quinhamel • Entrevista de grupo focal • 2022-08-10

A sugestão acima foi partilhada por diversos participantes, tanto nas entrevistas individuais como nas reuniões de grupos focais. Também, faz-se importante frisar que houve muita solicitação ao Fórum de Paz, para realizar tais tarefas, principalmente nas comunidades onde a informação é escassa.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 23: Motivos que justificam o ato de votar.

Segundo o gráfico 23, 97% dos entrevistados/as afirmam que votaram nas eleições passadas porque viram no candidato uma oportunidade de resolver os diferentes problemas que o país enfrenta.

Segundo o gráfico 23, 97% dos eleitores entrevistados assumiram ter votado por reconhecerem no candidato uma oportunidade para resolver os problemas do país. Essa postura dos eleitores deixa alguma indicação substancial sobre suas perceções e valorização do voto.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 24: Influências na hora de escolher o partido.

Em relação à orientação na hora de votar, das respostas obtidas, os/as entrevistados/as afirmam que a orientação do voto vem por parte do marido (4%).

Em relação à orientação na hora de votar, 97% não souberam responder e algumas respostas obtidas por parte dos eleitores entrevistados não obtiveram significância. Na verdade, procurando interpretar as suas reações, pode-se concluir que muitos não admitiram aliciamento e influência no voto, como mais a frente será constatada.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 25: Influências na hora de escolher o partido

Entre os que não escolheram a opção anterior, 85% afirmaram que a orientação de voto é pessoal.

Entretanto, conforme esperado, na lista dos que não escolheram as opções acimas, 85% argumentaram que a orientação de voto é pessoal. Dito de outro modo, os interlocutores alegaram fazer a escolha por vontade própria, sem coação de outrem.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 26: Influências na hora de escolher o partido

Percebe‑se com o gráfico 26 que as respostas não alcançaram significância.

De igual modo, também não reconheceram a existência de mecanismos coercitivos tradicionais, conforme aponta o gráfico 26, nas suas decisões de voto. As respostas obtidas sobre a questão em causa não alcançaram significância.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 27: Bens para angariar votos

Além de serem influenciados/as de alguma forma, 72% dos/as entrevistados/as afirmam que os partidos e os candidatos oferecem bens materiais para angariar votos nas comunidades.

27 Embora não rejeitem a possibilidade de haver alguma influência nas suas decisões de voto, 72% dos eleitores entrevistados em Biombo confirmaram que os partidos e os candidatos oferecem bens materiais e dinheiro para angariar votos nas comunidades.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 28: Os bens oferecidos para angariar votos

Os bens oferecidos para angariar votos nas comunidades são: arroz (35%), camisolas (26%) e dinheiro (18%).

No gráfico 28, foram listados, em percentuais, os principais produtos, incluindo o alimentício, oferecidos para angariar votos nas comunidades em que 35% dos inquiridos consideram o arroz, 26% as camisolas e 18% o dinheiro.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 29: Os beneficiários dos bens oferecidos

Os principais beneficiários, segundo os/as entrevistados/as, são: a comunidade (16%) e o responsável local do partido (17%).

Os questionados não só mencionaram os produtos colocados à disposição da comunidade, como também apontaram os principais beneficiários. Conforme o gráfico 29, 17% dos inquiridos confirmaram que o principal beneficiário, durante a campanha eleitoral, é o responsável local do partido e 16% à comunidade. Neste ponto, ficou evidente a negação, por parte de eleitores entrevistados, de influência de terceiros ou de uso de mecanismos coercitivos na hora de votar. Contudo, admitam a disponibilização de produto alimentício, materiais e dinheiro durante o período da campanha eleitoral, com o propósito de influenciar a decisão dos eleitores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 4 Biombo

1.4. PERFIL SOBRE O NÍVEL DE CONFIABILIDADE DO PROCESSO DEMOCRÁTICO NO PAÍS

O quarto bloco recolhe opiniões sobre os requisitos e o funcionamento democrático no país entre o eleitorado da Região de Biombo. Noventa e oito por cento defendem um nível mínimo de escolaridade para deputados e membros do governo, sobretudo para garantir boa liderança, melhores decisões e alfabetização. A insatisfação com o desempenho democrático é elevada: 79% consideram-no mau e nenhuma instituição alcança 50% de confiança, embora a Liga Guineense dos Direitos Humanos (27%) e a Presidência da República (22%) se destaquem. A maioria (93%) apoia a participação de mulheres e jovens em cargos de decisão, como forma de melhorar a governação e combater discriminações. Quanto ao processo eleitoral, 21% apontam falta de transparência e 11% pedem mais programas de sensibilização. Para 96%, a participação neste inquérito foi considerada importante.

regional

Gráfico 30: Nível de escolaridade mínima para deputados e governantes

Quando questionados/as sobre a importância da escolaridade mínima para deputados e governantes, 98% dos/as entrevistados/as afirmam que sim, deveria haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Neste ponto, evidencia-se o nível de confiança dos eleitores em relação aos eleitos e as suas perceções em relação ao papel das instituições e/ou organização no desempenho democrático no país. Por conseguinte, fez-se imprescindível questionar aos votantes sobre o nível de preparo dos cidadãos que procuram ascender aos cargos públicos. A questão aplicada no questionário foi esta: Será que enquanto cidadãos temos o direito de assumir grandes responsabilidades, cargos públicos, independentemente do nosso nível de preparo? Em resposta, os eleitores entrevistados não tiveram dúvidas, 98% julgaram ser necessário haver um nível mínimo de escolaridade como condição para o acesso aos cargos públicos, nomeadamente, de deputado ou membro de governo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 31: Motivos para haver um nível de escolaridade mínima

De acordo com o gráfico 31, os/as entrevistados/as afirmam que é importante haver um nível de escolaridade mínima pelos seguintes motivos: para ser um bom líder (36%), para tomar as melhores decisões (21%) e porque ler e escrever é importante (43%).

No gráfico 31, pode ser constatado que os eleitores entrevistados consideram pertinente a implementação de um nível de escolaridade mínima para deputados e membros do governo pelos seguintes motivos: 36% destacaram sua relevância para uma boa liderança; 21% sua importância na tomada de decisões e 43% limitaram-se em frisar, somente, a importância de saber ler e escrever.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 32: Nível de satisfação com o desempenho democrático no país

Analisando o gráfico 32, percebe‑se que 79% dos/as entrevistados/as afirmam que o desempenho democrático no país é mau e 21% afirmam que é bom.

A insatisfação com o desempenho democrático foi manifestada na perda de confiança, dos eleitores, nas instituições do país. O contexto de fragilidade democrática e a vulnerabilidade institucional, certamente, reforçam essa descrença. Analisando o gráfico 32, é possível constatar que 79% dos eleitores entrevistados apontam para um péssimo desempenho democrático no país e 21% para um bom.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 33: Instituições do país que inspiram mais confiança

A Liga Guineense dos Direitos Humanos aparece em primeiro lugar (27%), seguida da Presidência (22%) e dos tribunais (19%).

Em relação à confiança que as instituições do país transmitem, e em conformidade com o gráfico 33, a organização da sociedade civil, representada pela Liga Guineense dos Direitos Humanos, aparece como a mais credível por parte dos eleitores entrevistados, com 27% dos votos, seguida pela Presidência da República, que obteve 22%. Em síntese, reconhece-se um baixo nível de confiança dos inquiridos em Biombo, visto que nenhuma instituição alcançou, pelo menos, 50% de aprovação.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 34: Oportunidade para mulheres e jovens assumirem cargos políticos

Verifica‑se que 93% dos/as entrevistados/as afirmam que se deve começar a dar oportunidades a mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

Sobre a participação de mulheres e jovens nas esferas de tomada de decisão, conforme o gráfico 34, 93% dos eleitores entrevistados são favoráveis a uma iniciativa de políticas que permitam democratizar o acesso desses dois grupos aos cargos públicos e políticos.

Os participantes no grupo focal defendem a abertura para a participação de mulheres e jovens nas esferas de tomadas de decisões importantes, como forma de melhorar a governação. Nessa ótica, um dos participantes defendeu o seguinte:

«(…) aqui, neste país, ninguém se interessa pelas mulheres. Elas não são valorizadas como merecem. Se a elas forem dadas oportunidade, poder, acredito que irão fazer muitas coisas benéficas para o povo, para o país inteiro.»

Participante n.º 5, grupo focal em Biombo • Entrevista de grupo focal • 2022-08-10

Ficou evidente o reconhecimento de que a esfera de tomada de importantes decisões precisa abrir portas à representatividade e, de igual modo, salvaguardar os direitos das mulheres, pondo-se fim as várias situações de discriminação e abuso contra mulheres.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 35: Processo do voto na Guiné‑Bissau

21% afirmam falta de transparência ao longo do processo; 11% defendem aumentar programas de sensibilização; 11% apontam atraso na divulgação de resultados; 13% pedem recenseamento em todas as comunidades; 17% consideram que o sistema não respeita a vontade do povo.

A maneira como tem sido organizada o processo eleitoral mereceu atenção dos eleitores. Conforme o gráfico 35, 21% dos eleitores entrevistados confirmaram haver falta de transparência ao longo do processo de votação. Já 11% dos inquiridos solicitaram reforço nos programas de sensibilização sobre o processo eleitoral.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 36: Opinião sobre o inquérito

96% dos/as entrevistados/as na região de Biombo acreditam ser importantes as questões colocadas no inquérito.

Por fim, em relação à pertinência deste estudo, 96% dos eleitores entrevistados, na região de Biombo, consideram relevantes as questões colocadas nesse enquete. Apenas 4% desconsideram sua importância. Entre muitas observações a destacar, a preocupação com o incumprimento das regras democráticas foi bastante referida e registada como elemento transversal, assim também a constatação de haver alguma cautela, preocupação e zelo da parte dos eleitores, dessa região, no ato de voto.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.