Além de tentar analisar os principais motivos que influenciaram o votar ou não votar num determinado partido nas últimas eleições, o diagnóstico procurou também analisar o nível de confiança dos entrevistados/as nas promessas eleitorais dos candidatos. Num universo de 508 entrevistados/as, 77% afirmam que não acreditam nas promessas eleitorais dos candidatos e 23% afirmam que acreditam nas promessas.
Além de se procurar destacar os principais motivos pelos quais os eleitores votam ou não num determinado partido, tem-se o propósito de averiguar o nível de confiança dos mesmos nas promessas dos candidatos às eleições. Por esse motivo, foram entrevistados 508 votantes, 77% assumiram que não acreditam nos discursos dos candidatos e 23% confiam em suas promessas.
Durante o grupo focal, a opinião dos participantes não foi muito divergente, a falta de confiança nas promessas que recebem por parte dos candidatos e partidos durante o período de campanha eleitoral foi manifesta na voz de um dos participantes:
«(…) há muitas promessas que nós consideramos falsas. Por exemplo, quando um candidato à Presidência da República promete fazer coisas no lugar do governo. Sabemos que existe separação de poderes, o presidente não pode colocar-se no lugar de governo. E muitos também fazem promessas que não correspondem com o tempo que vão estar no poder, por exemplo, prometer alcatroar toda a cidade de Bafatá, ou dizer que vai construir toda a cidade em 4 anos. A Guiné-Bissau tem muitos problemas a serem resolvidos e um deles é o analfabetismo. É desse ponto de vulnerabilidade e ignorância que os partidos e candidatos se aproveitam para garantirem o impossível à população, que, por sua vez, lhes aplaude (…)».
Participante no. 3 no grupo focal em Bafatá. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-26
Os participantes não têm dúvidas que, geralmente, isso acontece porque os partidos e candidatos, frequentemente, durante o período de campanha eleitoral não apresentam aos eleitorados programas escritos que possam respaldar aquilo que, eventualmente, poderão realizar caso forem eleitos.
Por isso, um dos participantes foi categórico em afirmar que:
(…) nenhum político da Guiné-Bissau consegue honrar seu
compromisso por causa de vários fatores: primeiro temos que condicionar partidos a apresentarem programas antes de irem para eleição porque maioria de partidos que concorrem não têm programa. Passam tempo todo a enganar o povo, porque este até a data presente não conhece seus direitos e deveres (…).
Participante no. 8 no grupo focal em Bafatá • Entrevista de grupo focal • 2022-07-26
Nas observações dos participantes, os políticos aproveitam-se das limitações dos eleitores para conduzi-los a votar neles, mesmo tendo ciência de que não irão cumprir sequer 10% do prometido. Também lamentaram a falta de investimento em novas infraestruturas, as existentes na cidade são do período colonial, sobretudo rodoviárias; a falta de fornecimento de energia elétrica, a precariedade na saúde e educação e o alto índice de desemprego local.