E os/as entrevistados/as afirmam que não votaram no mesmo partido nas últimas eleições pelos seguintes motivos: perda de confiança no partido (15%), não cumpriu as promessas da campanha anterior (20%) e a falta de confiança no partido (19%).
Por outro lado, alguns eleitores entrevistados declaram que não votam no mesmo partido nas sucessivas eleições pelos seguintes motivos: 15% devido a perda de confiança nos partidos, 20% por falta de cumprimento das promessas da campanha anterior e 19% pela falta de confiança no partido. A demonstração de coerência em relação à postura dos partidos foi, nesse caso, um argumento defendido pelos eleitores.
Além de procurar observar os principais motivos que influenciam a decisão de votar ou não num determinado partido ou candidato nas eleições, também procura compreender o nível de confiança que os eleitores entrevistados têm nas promessas eleitorais. Assim, num universo de 80 eleitores entrevistados, 71% manifestaram total descrédito nas promessas eleitorais dos candidatos ou partidos, e ao contrário de 29% que acreditam. Obviamente, o recente percurso eleitoral permitiu aos eleitores, a partir de experiências acumuladas, ter a capacidade de avaliar o cumprimento ou não das promessas. Essa elevada percentagem de descrença, reforça, por um lado, a insatisfação manifesta dos eleitores em relação aos incumprimentos das promessas e, por outro lado, a falta de coerência política dos candidatos e partidos no período pós-eleitoral. com os compromissos assumidos. Ainda, um dos participantes do grupo focal, descreveu aquilo que pode ser encarado como sentimento reinante entre os eleitores da região de Bolama-Bijagós, no tocante as promessas eleitorais apresentadas pelos candidatos, durante o período da campanha:
Nem sempre acreditamos nas promessas dos candidatos, porque eles só nos procuram pelos seus interesses e de seus familiares. Nos fazem muitas promessas falsas, como por exemplo, de barco que nos prometeram no ano passado e até hoje não vimos o barco e também ainda continuamos na escuridão, pois não temos eletricidade. Os deputados que elegemos aqui no nosso círculo só procuram atender seus próprios benefícios.
Participante no. 5 no grupo focal em Bubaque. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-13
Analisando bem este excerto, percebe-se que, da parte dos participantes, existem promessas que, a priori, consideram exequíveis caso haja a vontade política e estabilidade governativa.
Todavia, reconhecem que existem outras que, objetivamente, visam manipular a decisão dos eleitores e trouxemos, como exemplo, a experiência partilhada por um dos participantes na campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 2019:
(…) quando um político nos promete escolas, estradas, luz…acreditamos pois são coisas concebíveis que não são difíceis de resolver. Mas, aquele que nos promete construir uma ponte que liga Bissau a Bubaque, por exemplo, já sabemos que são falsas promessas que não serão cumpridas. Como aconteceu da outra vez em que um político diz que se vencer as eleições vai usar a sua influência e rede de amigos para lhes dar um cheque de bilhões para investir no país, são promessas que são claramente falsas, são quase impossíveis de se concretizar (…)
Participante no. 1 no grupo focal em Bubaque. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-13
Pode-se constatar de maneira global nas observações dos participantes, que os eleitores, na sua maioria, já não acreditam nas promessas eleitorais, alguns até admitiram nunca mais recensear-se e muito menos votar.