De acordo com o gráfico 21, 79% dos entrevistados/as afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 10% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 6% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos
Consoante o gráfico 21, os eleitores foram questionados sobre as suas compreensões em relação o período da campanha eleitoral. foi interessante observar que 79% olham o período da campanha eleitoral como uma oportunidade para apresentar aos candidatos e partidos políticos todas as dificuldades com que depara a comunidade. Contudo, existem eleitores preocupados com manifestações, que poderão acarretar tensão e riscos sociais, e 10% responderam que o período da campanha eleitoral se tem traduzido em momentos de conflitos entre famílias e pessoas na tabanca, enquanto 6% ressaltam momento como o de conflitos entre partidos e candidatos.
O ponto de vista desses eleitores coincidi com o dos participantes do grupo focal, que também consideram o período da campanha eleitoral de tensões sociais, suscetível de gerar situações de conflitos entre famílias, vizinhos e também de natureza étnico-religiosa. Em seguida, um dos participantes fez a questão de partilhar a sua experiência familiar:
Na verdade, são períodos de muitos conflitos. Em nossa casa, o meu pai queria que a minha mãe votasse no partido que ele apoiava e a minha mãe não queria. O meu pai ficou furioso a ponto de proibir a preparação das refeições em casa. Diante da situação, a minha mãe acabou por ceder e decidiu votar no partido que o meu pai apoiava. Hoje, o meu pai pede à minha mãe por se sentir culpado por tê-la obrigado a votar num partido que não está a fazer nada para o povo (…).
Participante no. 6 no grupo focal em Bubaque. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-13
Apesar de defenderem quase a mesma tese dos eleitores, os participantes do grupo focal enxergam uma certa ambiguidade neste período. Pois, segundo eles, a campanha proporciona, dependendo do contexto e dos envolvidos, festa e conflito no seio dos eleitores.
Todavia os partidos políticos e os candidatos aproveitam esse momento para manipular eleitores vulneráveis a situação de pobreza e/ou com baixa capacidade de discernimento do significado ou da importância do voto. Essa preocupação foi descrita por um dos participantes dessa forma:
(…) são dois momentos: de festa e de conflitos. Festa ocorre porque os partidos compram arroz, animais e bebidas para os eleitores, com o objetivo de mobilizar mais votos. Já os conflitos surgem entre familiares e vizinhos devido às dificuldades económicas das famílias, uma vez que os políticos levam bens materiais e dinheiro para as comunidades e cada potencial eleitor se preocupa em obter benefícios (…).
Participante no. 2 no grupo focal em Bubaque. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-13
Por isso, as campanhas eleitorais têm sido vistas e interpretadas pelos candidatos e eleitores, sobretudo, nas comunidades rurais e nos bairros periféricos dos centros urbanos, como momentos de troca. Os candidatos procuram levar bens materiais e dinheiro para a comunidade e, em contrapartida, esperam garantir o voto dos eleitores. E na cabeça dos eleitores, para garantir esses bens materiais e dinheiro, o momento deve significar de abertura com todos os candidatos que aparecem para pedir os seus votos. Porque após as eleições não conseguem estabelecer uma relação de proximidade com os decisores públicos quer para ver atendidas as suas necessidades pessoais, quer para acompanhar melhorias nos serviços públicos, nomeadamente, estradas, acesso a água potável, escola, saúde, eletricidade e emprego. Embora maior número dos eleitores entrevistados considera o período de campanha eleitoral como oportunidade para debater propostas de governação com partidos e candidatos, o que se constata é uma realidade que não prioriza essa preocupação no terreno. Maior parte de partidos e candidatos não disponibiliza aos eleitores, durante a campanha, os seus programas eleitorais.
Todas essas interpretações não deixam de evidenciar aquilo que é a compreensão e os factos que em menor ou maior grau ocorrem durante a campanha eleitoral.