Sentido do voto na Região de Oio

Regional 04/07/2022 — 31/10/2022 Região de Oio, Secção de Gã Mamudu, Setor de Bissorã, Setor de Farim, Setor de Mansaba, Setor de Mansoa, Setor de Nhacra

A Região de Oio, no norte da Guiné-Bissau, reúne os setores de Farim, Bissorã, Mansaba, Mansoa e Nhacra. Com predominância de Mandinga e Balanta, e um eleitorado jovem, elege 16 deputados para o parlamento.
A agricultura é a base da economia, mas a confiança política e institucional permanece frágil. Ainda assim, os eleitores valorizam o voto como instrumento de mudança e pedem mais espaço para mulheres e jovens.

Eleitores 2018
109.179
Questionários
530
Meta %
0,5 %
Grupo 1 Oio

1. PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO

O retrato de Oio revela uma região marcada pela diversidade étnica, com predominância de Mandinga e Balanta. A faixa etária mais representada situa-se entre os 30 e 39 anos, confirmando o peso de uma juventude ativa, ainda que acompanhada de gerações mais velhas. Embora os homens sejam maioria entre os inquiridos, a participação das mulheres é reconhecida como significativa. O islão predomina como religião, seguido pelo cristianismo, refletindo a composição cultural regional. A maioria é casada em uniões tradicionais, vive em agregados pequenos e apresenta escolaridade intermédia, ainda com forte presença do analfabetismo. A agricultura é a principal fonte de rendimento, complementada pelo comércio e pelos setores público e privado.

regional

Gráfico 1: Etnias do público-alvo.

Segundo o gráfico 1, a etnia predominante entre os/as entrevistados/as no estudo na região de Oio é a etnia Mandinga, representada por 30%.

Tanto quanto a região de Cacheu, a de Oio também congrega uma diversidade étnica em termos de ocupação do território, bem demarcado pelos diferentes grupos, no entanto, segundo o gráfico 1, a etnia predominante entre os eleitores entrevistados nessa região é mandinga, que representa 30%, seguido de Balanta com 24%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 2: Faixa etária

A faixa etária dos entrevistados/as nessa região se encontra entre os 30-39 anos, representada por 36%, em seguida a faixa dos 40 a 49 anos, representada por 23%.

A faixa etária correspondente a 30-39 anos representa 36% dos eleitores entrevistados, em seguida a de 40 a 49 anos representa 23%. Ou seja, tal como nos outros lugares, encontrou-se uma população relativamente jovem que se interessa pelas dinâmicas associativas e sociopolíticas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 3: Sexo do público-alvo do estudo.

Num universo de 530 entrevistados/as na região de Oio, 40% foram do sexo feminino e 60% do sexo masculino.

No universo de 530 eleitores entrevistados na região de Oio, 40% são do sexo feminino e 60% do sexo masculino. Embora houvesse disparidade em termos de género, a participação das mulheres é igualmente reconhecível.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 4: Religião dos entrevistados.

A religião predominante entre os/as entrevistados/as nessa região é a Muçulmana, representada por 60%.

A religião predominante entre os eleitores entrevistados nessa região é a muçulmana, representada por 60%, seguida por cristã com 35%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
nacional

Gráfico 5: Estado civil dos entrevistados.

No que diz respeito ao estado civil dos/as entrevistados/as, constatou-se que 68% são casados (as), 25% são solteiros (as), 2% são divorciados (as) e 6% são viúvos (as).

No que diz respeito ao estado civil dos eleitores entrevistados, constatou-se que a maioria são pessoas com responsabilidade familiar e social, sendo que 68% são casados, 25% de solteiros, 2% de divorciados e 6% são viúvos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 6: Tipos de casamento do público-alvo.

Entre os casados, o tipo de casamento predominante é o casamento de usos e costumes, representado por 93%.

Entre os casados, o tipo de união predominante é o baseado em usos e costumes, representado por 93%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 7: Capacidade eleitoral

Quando questionados/as sobre a capacidade eleitoral do agregado familiar, 78% afirmam que no agregado menos de 10 pessoas podem votar e 22% afirmam que no agregado mais de que 10 podem votar.

Praticamente todos os eleitores entrevistados têm no agregado familiar um ou mais pessoas com capacidade eleitoral. Nessa região, 78% dos inquiridos declararam que no seu agregado têm menos de 10 pessoas que podem votar, enquanto 22% afirmaram ter mais de 10.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 8: Nível de escolaridade.

De acordo com o gráfico 8, o nível de escolaridade predominante entre os/as entrevistados/as na região de Quinara é o nível de escolaridade entre 10ª – 12ª classe, representado por 24% em seguida o nível entre 7.ª – 9ª classe e 1.ª – 4ª classe, ambos representado por 12%. E ainda se nota que 15% dos entrevistados/as não sabem ler e nem escrever.

Já no que concerne à escolaridade dos eleitores entrevistados, e conforme o gráfico 8, os níveis predominantes nessa região é 10ª, 11ª e 12ª, representam 24%, em seguida 7.ª – 9ª classe e 1.ª – 4ª classe, ambos representam 12% dos inquiridos. Os outros 15% não sabem ler e escrever.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 9: Fonte de receita.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou ilucidar são dominios de atividades laborais dos/as entrevistados/as. Num universo de 530 entrevistados/as, 51% são agricultores/as, 12% trabalham no setor privado, 21% no setor público e 16% são comerciantes.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou elucidar são domínios de atividades laborais dos eleitores entrevistados. Em 530 entrevistados, 51% são agricultores, 12% trabalham no setor privado, 21% no setor público e 16% são comerciantes. Em síntese, e em conformidade com os dados, percebe-se que são cidadãos com ocupação que, direta ou indiretamente, têm contribuído para o processo de desenvolvimento socioeconómico do país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 2 Oio

1.2. PERFIL SOBRE A CONFIANÇA NOS CANDIDATOS/AS

Em Oio, a experiência eleitoral é ampla, mas marcada por sentimentos mistos em relação a candidatos e partidos. Muitos eleitores mantêm fidelidade partidária, frequentemente ligada a fatores étnicos ou religiosos, enquanto outros mudam de opção diante do incumprimento de promessas. A maioria não acredita nas promessas eleitorais: percebem-nas como estratégias de captação de votos, sobretudo quando tocam em necessidades básicas como água e energia. Apesar da desconfiança, permanece a esperança de que algum candidato responda a problemas concretos, em especial aqueles que afetam diretamente as mulheres e a vida familiar.

regional

Gráfico 10: Nº de vezes que o público-alvo já votou.

Quando questionadas/os quantas vezes já votaram, percebe-se que num universo de 530 entrevistadas/os, 29% assumem que já votaram pelo menos 5 vezes e 20% pelo menos 4 vezes.

Procurou-se, neste ponto, observar e avaliar o nível de confiança dos eleitores nos candidatos, sobretudo o que os leva a votar ou não em determinados candidatos ou partidos. Nessa perspetiva, quando questionados sobre as vezes que votaram, percebeu-se que num universo de 530 eleitores entrevistados, apenas 29% votaram de 5, ou um pouco mais, vezes e 20% 4 vezes. Mas, olhando para o gráfico, nota-se que o percentual não é muito equilibrado em termos de participação e que têm um pouco experiência eleitoral.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 11: Votação nas eleições gerais.

Em relação a participação nas eleições realizadas no país, percebe-se que 10% afirmam ter votado nas eleições gerais em 1994, 6% nas eleições de 1999, 12% nas eleições gerais de 2014 e 72% nas eleições gerais de 2019.

Referente à participação nas eleições realizadas no país, 10% dos inquiridos declararam ter votado nas eleições gerais em 1994, 6% nas de 1999 e 12% nas de 2014.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
nacional

Gráfico 12: Votação nas legislativas.

Em relação ao número de vezes que os entrevistados/as votaram nas eleições legislativas passadas, 31% afirmam ter votado pelo menos 6 vezes.

Em relação ao número de vezes que os eleitores entrevistados votaram nas eleições legislativas, 31% confirmaram ter votado pelo menos 6 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 13: Eleições presidenciais.

E nas eleições presidenciais passadas, 31% dos entrevistados/as afirmam ter votado pelo menos 6 vez nas eleições presidenciais.

Nas eleições presidenciais, 31% dos entrevistados confirmaram ter votado pelo menos 6 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 14: Nível de confiança no partido.

Durante o diagnostico também foi possível medir o nível de confiança que os entrevistados/as possuem em relação ao partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 44% afirmam que não votam sempre no mesmo partido enquanto 56% afirmam que sim tem votado sempre no mesmo partido.

Durante o estudo também foi possível medir o nível de confiança que os eleitores entrevistados possuem em relação aos partidos. E, segundo o gráfico 14, verifica-se que 44% assumiram que não votam sempre no mesmo partido e 56% afirmaram que têm votado sempre no mesmo partido. Esse facto pode ser confirmado na consulta do histórico de dados eleitorais do país. Enfim, quer na região de Oio, como noutras regiões, há eleitorados fixos, que têm mantido a fidelidade a um determinado partido e candidato, a maioria dos casos, por motivos étnicos e religiosos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 15: Motivos para votar no mesmo partido.

E os principais motivos de terem votado sempre no mesmo partido são: confiança no partido (48%), confiança no pograma de Governo (22%) e militância (25%).

E quando se procurou saber os principais motivos que os levem a votar sempre no mesmo partido, as razões foram estas: 48% no ato do voto consideram relevante a confiança no partido; 22% o pograma de governo e 25% o fazem simplesmente por militância.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 16: Motivos para não votar no mesmo partido.

E os/as entrevistados/as que afirmam que não votaram no mesmo partido nas últimas eleições pelos seguintes motivos: não cumpriu as promessas da campanha anterior (38%), não falam a verdade (44%) e a falta de confiança no partido (18%).

Alguns eleitores testemunharam que não votam sempre no mesmo partido por estas razões: 38% porque não se cumpriu as promessas da campanha anterior, 44% por falta de transparência, verdade e 18% por falta de confiança no partido. Aqui, certamente, nota-se um confronto com a lógica de fidelidade partidária.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
nacional

Gráfico 17: Nível de confiança nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Além de tentar analisar os principais motivos que influenciaram o votar ou não votar num determinado partido nas últimas eleições, o diagnostico procurou também analisar o nível de confiança dos entrevistados/as nas promessas eleitorais dos/das candidatos/as na região de Oio. Num universo de 530 entrevistados/as, 65% afirmam que não acreditaram nas promessas eleitorais dos candidatos e 35% afirmam acreditar nas promessas.

Além de tentar observar os principais motivos que os influenciam a votar ou não num determinado partido nas eleições, o estudo procurou também avaliar o nível de confiança dos eleitores da região. Sobre essa questão, 65% dos eleitores entrevistados atestaram falta de credibilidade nas promessas dos candidatos e, por contrariamente, 35% afirmaram acreditarem nas promessas.

A questão de acreditar nas promessas eleitorais foi interpretada por uma das participantes no grupo focal como uma tentativa dos eleitores em procurar renovar esperanças e apostar na resolução dos problemas, sobretudo, os que afetam mais as mulheres. Eis, abaixo, a argumentação da participante:

(…) nós, da região de Oio, acreditamos sim, porque temos dificuldades de água e luz. Não temos água canalizada e nem eletricidade, por isso, qualquer candidato que apareça e nos prometa essas coisas acreditamos logo pensando que será a solução para acabar com as nossas dificuldades, principalmente, nós as mulheres, porque somos as que mais sofrem com a falta de água para fazer todos os serviços da casa. As vezes é essa a necessidade que nos leva a acreditar e ter esperança que os problemas serão solucionados ou as promessas serão cumpridas.

Participante no. 1 no grupo focal em Mansoa. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-06

Certeza ou não, provavelmente os candidatos também jogam com os aspetos de dimensão real das necessidades que os eleitores enfrentam e, estrategicamente, fazem promessas desonestas para angariar votos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 18: Motivos para acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Portanto, segundo o gráfico 18, os/as entrevistados/as que afirmam acreditar nas promessas eleitorais dos/as candidatos/as nas últimas eleições, 35% afirmam ter confiança no candidato, 34% afirmam confiar no programa de Governo e 31% afirmam confiar no partido.

Portanto, segundo o gráfico 18, entre os eleitores que acreditam nas promessas dos candidatos, 35% alegaram, como fator determinante, confiar no candidato, 34% apontaram a confiança no programa de governo, enquanto os outros 31% assumiram que o fazem por razões de fidelidade partidária.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 19: Motivos para não acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Entretanto, dos/as entrevistados/as que afirmam não acreditar nas promessas eleitorais do candidato nas eleições passadas, 29% afirmam que não acreditam porque não confiam no candidato e 71% afirmam que o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Diferentemente, no grupo dos que não acreditam nas promessas eleitorais dos candidatos, 29% confirmaram que não confiam no candidato e 71% porque o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Para os participantes no grupo focal é sempre muito difícil acreditar nas promessas dos candidatos. Mas, são de opinião que ainda existem eleitores que continuam a acreditar, provavelmente, por motivo de militância partidária. Nessa linha, vale a argumentação de um dos participantes que procurou resumir o que geralmente acontece:

Na verdade, a maior parte dos guineenses continua a acreditar nas promessas dos candidatos como é o caso de construção de escolas, compra de carros, estabilidade de luz e água, em fim, várias coisas que falam e o povo acredita.

Participante no. 3 no grupo focal em Mansoa • Entrevista de grupo focal • 2022-07-06
Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 20: Processo democrático.

Quando questionados/as sobre o processo democrático do pais, num universo de 152 entrevistados/as, 74% afirmam que a democracia serve para a paz e justiça social e 26% afirmam que a democracia serve para o desenvolvimento do pais.

Quando questionados sobre o serviço da democracia ao país, num universo de 152 entrevistados, 74% são de opinião que a democracia pode servir para edificar a paz e justiça social e 26% acreditam que pode servir para apoiar o desenvolvimento do país. Confirma-se que conhecem e reconhecem que a democracia pode proporcionar para o bem-estar comum.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 21: Significado do período da campanha eleitoral para o público-alvo.

De acordo com o gráfico 21, 70% dos entrevistados/as afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 20% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 7% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos.

Conforme o gráfico 21, os eleitores foram questionados sobre a sua compreensão em relação ao período da campanha eleitoral. Em suas respostas, 70% apoiaram que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade. Contrariamente, 20% consideraram que o período significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca, enquanto 7% afirmaram que significa conflito entre partidos e candidatos. Os eleitores, nessas respostas, demonstraram muita compreensão sobre o verdadeiro sentido da campanha eleitoral, no entanto, apontaram a distorção da mesma como fator de risco social.

Portanto, no encontro do grupo focal, foram bastante críticos em analisar o período eleitoral, apontando situações concretas que têm contribuído para gerar conflitos no seio familiar e comunitário. Na observação de umas das participantes:

O período de eleição é um momento muito sensível e de tensão, e quem não se cuidar vai ter problemas, porque alguns militantes não se limitam apenas em fazer campanha para o seu candidato ou partido, mas acabam por ferir muitas pessoas provocando problemas com outras pessoas de outras formações políticas. Devemos compreender que cada cidadão deve ser livre de fazer a sua escolha e a mesma deve ser respeitada. A política tem causado muitos conflitos, por exemplo, na minha família tem havido vários conflitos entre pessoas por conta da política o que também acontece entre vizinhos acabando com muitas amizades. Tem de haver uma política para acabar com esses comportamentos.

Participante no. 1 no grupo focal em Mansoa. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-06

Na leitura dos eleitores, conclui-se que têm noção clara do que deveria ser a campanha eleitoral por chamarem a atenção pela forma como os atores políticos patrocinam comportamentos que colocam em risco a convivência social.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 3 Oio

1.3. PERFIL SOBRE A INFLUÊNCIA NO ATO DE VOTAR

O significado do voto em Oio é fortemente associado à busca por soluções nacionais: eleger quem tem melhor programa de desenvolvimento ou capacidade de resolver problemas coletivos. Embora muitos afirmem votar de forma autónoma, reconhece-se a existência de pressões, ameaças e ofertas de bens materiais durante as campanhas. Motorizadas, arroz, camisolas ou dinheiro são usados como moeda de troca, beneficiando chefes locais, associações ou comunidades inteiras. Ainda assim, a maioria dos eleitores expressa o desejo de votar com liberdade, revelando uma tensão constante entre autonomia política e práticas de clientelismo.

regional

Gráfico 22: Significado do ato de votar para o público-alvo.

O estudo também procurou entender o que significa o ato de votar para o público-alvo na região de Gabu. Assim sendo, num universo de 530 entrevistados/as, 42% afirmam que para eles o ato de votar significa eleger o candidato com melhor Programa de desenvolvimento do país.

Nesta etapa, deu-se destaque à influência que os eleitores sofrem na hora de votar, ou seja, até que ponto eles têm liberdade de escolher, decidir, em quem votar sem se deixarem ser influenciados por terceiros. Assim sendo, num universo de 530 entrevistados, 42% argumentaram que o ato de votar significa eleger o candidato com programa de desenvolvimento do país, enquanto 36% votam naquele que apresentar o melhor programa.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 23: Motivos que justifica o ato de votar.

Segundo o gráfico 23, 91% dos entrevistados/as afirmam que votaram nas eleições passadas porque viram no candidato uma oportunidade de resolver os diferentes problemas que o país enfrenta.

Segundo o gráfico 23, 91% dos inquiridos não têm dúvidas em declarar que votam com o propósito de contribuir na resolução dos problemas do país. Contudo, nem todos os eleitores tiveram essa lucidez, conforme se constata no gráfico, pois encaram as eleições como oportunidade para resolver assuntos pessoais.

Um dos participantes no grupo focal procurou justificar o voto de um eleitor, com a declaração a seguir:

(…) votamos por causa da sensibilização que é feita para o exercício dos nossos direitos de poder escolher pessoas que vão ficar a frente do país. Às vezes votamos por causa das ameaças e há os que votam por influência de amigos, parceiros ou outras motivações. Votamos, sobretudo, na expetativa de que se houver a mudança as nossas vidas irão melhorar.

Participante no. 8 no grupo focal em Mansoa. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-06

As leituras são portadoras de manifestações factuais diversas e confirmam que os eleitores, certamente, orientam as suas decisões a partir de influências recebidas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 24: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto vem por parte de:

Em relação a orientação na hora de votar, percebe-se que não houve significância nas respostas dadas.

Partindo do princípio de autonomia que, a priori, os eleitores devem ter ao decidir em quem votar, os entrevistados demonstraram ser influenciados em suas decisões. Sobre essa questão, a maioria não soube responder, e houve significância nas respostas obtidas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 25: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto é:

Entretanto, dos que não escolheram as opções acimas, 10% afirmaram que orientação de voto é pessoal.

Entretanto, entre os que não escolheram as opções anteriores, 10% afirmam que a orientação de voto é pessoal e 90% não responderam.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 26: Influências na hora de escolher o partido. A minha orientação de voto é infuenciada tambem por:

Em relação a influências na hora de votar, percebe-se com o gráfio 26 que não houve significância nas respostas dadas.

De igual modo, não reconheceram a existência de mecanismos coercitivos tradicionais nas suas decisões de voto. No entanto, conforme o gráfio 26, não houve significância nas respostas dadas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 27: Bens para angariar votos.

Além de serem influenciados/as de alguma forma, num universo 530 resposta em Oio, 90% dos/as entrevistados/as afirmam que os partidos e os candidatos oferecem bens materiais para angariar voto nas comunidades.

Apesar de não admitirem influência nas decisões de voto, em uma amostra de 530 resposta coletadas em Oio, 90% dos eleitores entrevistados afirmam que partidos e candidatos oferecem bens materiais durante a campanha eleitoral para obter votos nas comunidades.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 28: Os bens oferecidos para angariar votos.

Segundo o gráfico 28, os bens oferecidos para angariar votos nas comunidades são: motorizado (16%), camisolas (17%), cadeiras de plástico (12%), arroz (24%) e dinheiro (17%).

Mediante o gráfico 28, é possível identificar alguns bens oferecidos por partidos e candidatos para obter votos nas comunidades. Destacam-se: 16% mencionam as motocicletas, 17% as camisolas, 12% as cadeiras de plástico, 24% o arroz e 17% o dinheiro. O importante não é o tipo de bem oferecido, porém compreender que essa prática ocorre apenas durante o período eleitoral, com o objetivo de influenciar o voto.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 29: Os beneficiários dos bens oferecidos.

Os principais beneficiários, segundo os/as entrevistados/as são: a comunidade (24%), o responsável local do partido (19%), associação de mulheres (18%), militância (14%) e ou chefe de tabanca (12%).

Quando solicitados a classificar como são distribuídos esses bens, os eleitores entrevistados não tiveram dificuldades em mencionar os principais beneficiários: 24% acreditam que a comunidade é a principal, 19% apontam para o responsável local do partido, 18% consideram a associação de mulheres, 14% acham que são os militantes e 12% afirmam que é o chefe de tabanca. Portanto, a campanha eleitoral se configura como um momento de troca de favores, bens materiais e dinheiro por votos. No entanto, devido ao grande número de partidos e candidatos que frequentam as comunidades com esse propósito, nem todos conseguem angariar votos, apesar do investimento.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 4 Oio

1.4. PERFIL SOBRE O NÍVEL DE CONFIABILIDADE DO PROCESSO DEMOCRÁTICO NO PAÍS

Em Oio, a maioria dos eleitores defende que deputados e membros do governo devem ter um nível mínimo de escolaridade, não apenas para ler e escrever, mas também para governar com discernimento e responsabilidade. Nos grupos focais, sublinhou-se que a formação deve vir acompanhada de compromisso ético e práticas de boa governação. Apesar disso, 70% avaliam o desempenho democrático como mau, refletindo desconfiança generalizada nas instituições, com exceção da Liga Guineense dos Direitos Humanos, que recolheu maior credibilidade. A democratização do acesso para mulheres e jovens foi defendida quase unanimemente, mas persistem barreiras culturais e discriminação de género. A transparência no processo eleitoral surge como exigência central, mostrando eleitores atentos e críticos.

regional

Gráfico 30: Nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Quando questionados/as sobre a importância da escolaridade mínima para deputados e governantes, os 96% dos/as entrevistados/as afirmam que sim deveria haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Esta parte traz observações interessantes sobre o nível de confiança dos eleitores em relação aos eleitos, bem como sobre suas perceções em relação ao papel das instituições no desempenho democrático no país. Daí a importância de questionar o nível de preparo dos cidadãos que procuram ascender aos cargos públicos. Seria justo que, como cidadãos, tivéssemos direito de ocupar responsabilidades públicas independentemente do nosso nível de preparo, seja ele baixo ou elevado? Não temos a obrigação de nos preparar antes de assumir compromissos públicos? Sobre esse assunto, os eleitores enfatizam a importância da escolaridade e 96% consideram que, para se candidatar a um cargo de deputado e/ou ser nomeado membro do governo, deveria ser fixada legalmente um nível mínimo de escolaridade para o acesso a esses cargos, conforme o gráfico 30.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 31: Motivos para haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

De acordo com o gráfico 31, os entrevistados/as afirmam que é importante haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes pelos seguintes motivos: para ser um bom lider (40%), para poder tomar as melhores decisões (23%) e é importante saber ler e escrever (40%).

Consoante o gráfico 31, os eleitores entrevistados justificam por que defendem a ideia de haver um nível de escolaridade mínimo para deputados e membros do governo. Em suas opiniões, 40% consideram que isso pode contribuir para a formação de um bom líder, 23% acham que ajudaria a tomar as melhores decisões e 40% afirmam que é importante saber ler e escrever para assumir responsabilidades públicas.

A ideia sobre a importância do nível de escolaridade ficou ainda mais reforçada durante o grupo focal, com os participantes a considerarem que não basta a escolaridade, mas é preciso também estar mobilizado para promover boas práticas governativas. Segundo um dos participantes.

(…) é importante que os governantes tenham um nível mais ou menos aceitável de escolaridade, pois ninguém pode saber tudo, mas é necessário um conhecimento mínimo para exercer a liderança em qualquer área. Para alcançar esse objetivo, é fundamental priorizar a educação, porque só assim o país poderá superar a estagnação em que se encontra.

Participante no. 3 no grupo focal em Mansoa. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-06

Essa observação é crucial para entender que, para os eleitores, o nível de preparo de um candidato é tão fundamental quanto a postura de qualquer agente público na promoção de boas práticas governativas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
nacional

Gráfico 32: Nível de satisfação com o desempenho democrático no país.

Analisando o gráfico 32, percebe que 70% dos/as entrevistos/as afirmam que o desempenho democrático no pais é mau e 30% afirmam que o desempenho democrático é bom.

A insatisfação com o desempenho democrático também se manifestou na perda de confiança dos eleitores nas instituições do país. O contexto de fragilidade democrática e vulnerabilidade institucional certamente não passou despercebido, como se observa no gráfico 32. Nas observações dos eleitores entrevistados, 70% avaliam o desempenho democrático no país com ruim e 30% o consideram bom.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 33: Instituições do país que inspira mais confiança.

Em relação a confiança que as instituições do pais transmitem, a Liga Guineense dos Direitos Humanos aparece em primeiro lugar, representado por 54%, segundo os/as entrevistados/as. Em seguida aparece os tribunais (12%) e depois a força de segurança (9%).

Em relação à confiança que as instituições do país transmitem, diferentemente de outras regiões – como, por exemplo, Gabu e Bafatá - na região de Oio, a sociedade civil, representada pela Liga Guineense dos Direitos Humanos, teve um reconhecimento de 54% entre eleitores entrevistados. Em seguida aparecem os tribunais, com 12% de aprovação, e depois a força de segurança, com 9%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 34: Oportunidade para as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

De acordo com o gráfico 34, verifica-se que 99% dos entrevistados afirmam que deviam começar a dar oportunidades as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

Sobre a participação das mulheres e jovens nas esferas de tomada de decisão, o gráfico 34 demonstra que 99% dos eleitores entrevistados defenderam a democratização dos espaços democráticos, por meio da criação de oportunidades para que mulheres e jovens assumam cargos políticos.

Uma das participantes aprofundou a observação, abordando as dificuldades que as mulheres enfrentam nos partidos e a falta de solidariedade, também notória, entre elas:

(…) as mulheres não recebem oportunidades merecidas, inclusive dentro de partidos políticos. Existe discriminação de gênero, como evidenciado pela marcação de reuniões noturnas ou madrugadas adentro, dificultando a participação feminina. É certo que, quando uma mulher governar a Guiné-Bissau, o país poderá seguir um rumo mais promissor. Outra questão relevante é a falta de apoio mútuo entre as mulheres, com rivalidades sendo criadas mesmo quando a união seria necessária (…).

Participante no. 1 no grupo focal em Mansoa. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-06

Essa contribuição expõe a questão de masculinização do acesso ao espaço político, um facto que leva muitos homens e mulheres a acreditarem que apenas os homens reúnem as condições necessárias para o exercício política. Essa visão expressa as heranças do patriarcado e manifestações machistas intrínsecas aos comportamentos sociais de diferentes grupos étnicos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 35: Processo do voto na Guiné-Bissau.

Com relação ao processo de voto no pais, 30% dos/as entrevistados/as afirmam que há falta transparência ao longo do processo, 29% afirmam que se deveria aumentar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral e 23% afirmam haver atraso na divulgação dos resultados..

A organização do processo eleitoral também foi observada pelos eleitores. 30% dos entrevistados mencionaram falta de transparência durante o processo, também mereceu a preocupação de 29% dos entrevistados, que defendem o aumento dos programas de sensibilização para manter os eleitorados informados. Adicionalmente, 23% mencionaram o atraso na divulgação dos resultados eleitorais.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 36: Opinião sobre o inquérito.

De acordo com o gráfico 36, 99% dos entrevistados/as na região de Oio acreditam serem importantes as questões colocadas no inquérito.

Como se observa no gráfico 36, 99% dos entrevistados na região de Oio consideraram importantes as questões apresentadas no inquérito. No geral, o agrado dos eleitores com o inquérito tem a ver com o momento em que foram possibilitados opinar sobre a importância de seus votos e, consequentemente, sobre como a democracia funciona no país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.