De acordo com o gráfico 21, 87% dos entrevistados/as afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 7% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 3% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos.
Os eleitores entrevistados demonstraram não terem dúvidas sobre o que a democracia é capaz de contribuir e de acordo com o gráfico 21, foram solicitados para interpretarem o período da campanha eleitoral. Em suas respostas, 87% afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 7% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 3% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos.
Se objetivamente os eleitores entrevistados em sua maioria procuram resumir o que deveria ser o sentido de uma campanha eleitoral, os participantes no grupo focal não perderam a oportunidade de apontar factos reais que predominam o momento, com destaque para conflitos de natureza diversas. Um dos participantes do grupo focal traz uma caracterização da relação do político com o eleitor durante e pós-eleição:
No momento da campanha os políticos são pessoas fáceis de
encontrar. Nessa hora se ligar ele atende e vem responder a sua
chamada. Nesse período eles descem e sobem de um lado para
outro e quando atingirem o objetivo o mesmo número de
telefone já não passa e ele passa a ser pessoa de difícil acesso.
Os seus guarda-costas não permitem acesso a ele, esquecem do
compromisso tomado com a população. Antes não havia atritos
entre pessoas na campanha salvo as duas eleições passadas.
Essas eleições que passaram têm mais controversa e desavença
entre pessoas porque foi fomentado o tribalismo. Como se não
bastasse, apareceu fenómeno de gente de tabanca e gente de
praça. Isso é muito perigoso! Temos um exemplo muito recente
de Ruanda.
Participante no.4 no grupo focal em Gabu. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-22
Numa perspetiva de um retrato comparativo, um dos participantes procurou trazer reflexão sobre como era a vivência nos momentos da campanha eleitoral durante a abertura política e, como ela se evoluiu perigosamente aos dias de hoje:
A campanha de 1994 e atual campanha são muito diferentes.
Hoje em dia, principalmente em Gabu, o que eles fazem é criar
divergência entre jovens para tirar proveito e ainda introduziram
problema étnico na política e isso pode criar uma guerra civil.
Criaram rotura entre amigos e famílias só porque não pertencem
mesmo partido. Devemos preservar o laço que nos une e evitar
de cor preto e vermelho. Isso não é bom porque o valor do voto
é para resolver o nosso problema e os políticos não interessam
das nossas contradições.
Participante no.10 no grupo focal em Gabu. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-22
Mas entre as contribuições dos participantes há quem considera de positivo o relacionamento entre diferentes grupos políticos e seus apoiantes durante o período da campanha eleitoral quando comparado com o que acontece noutros lugares do continente. Um dos participantes considera de:
(…) positivo o relacionamento na campanha, em
comparação com outros países, sobretudo quando dois
partidos se cruzarem. No nosso caso, é problema moral.
Por exemplo, falar da religião cria muitos problemas, eu
sou muçulmana se alguém falar mal de muçulmanos, isso
me choca. Se não for o caso, aqui é fácil ver partidos
sentados juntos num bar a divertir cada um com sua
camisola, mas nunca se insultam um ao outro.
Participante no.3 no grupo focal em Gabu. • Entrevista de grupo focal • 2022-07-22
Essas leituras expressam a coerência dos eleitores em termos de observação
das dinâmicas do processo, mas, particularmente, da campanha eleitoral.
Apesar de apontarem situações de riscos, souberam também reconhecer a
ausência do extremismo, sobretudo quando os adversários e seus apoiantes se
cruzam em algum ponto durante a campanha, partilham o espaço sem
qualquer tipo de violência.
No geral, os participantes observaram o período da campanha eleitoral com
uma visível preocupação pela forma como os partidos e candidatos estão a influenciar subjetiva ou objetivamente as crispações sociais que podem causar
consequências negativas na coesão social e religiosa.