O Café Jornalístico realizou a sua sétima edição no espaço Djemberem BOAL & FREIRE, a 10 de outubro de 2025, numa iniciativa conjunta do SINJOTECS com o CTO/Fórum de Paz e através da Comissão Especializada de Jornalistas Kumpuduris di Paz e Rádios Comunitárias Parceiras (CEJKdP_RCP). O encontro foi transmitido ao vivo pela Radio Bemba de Malafo e rádios comunitárias parceiras e pelas redes sociais, permitindo que a reflexão alcançasse um público amplo e diversificado.
Reuniram-se jornalistas de diferentes gerações, estudantes de comunicação, diretores de rádios e jornais, veteranos da imprensa nacional e representantes da ARN e do Conselho Nacional da Comunicação Social. Em clima de diálogo e escuta mútua, o debate abordou os desafios éticos, políticos e profissionais enfrentados pela comunicação social num período de forte tensão pré-eleitoral.
Os painelistas, — Elci Pereira (Nô Pintcha/REMSECAO), Humberto Monteiro (CNCS) Demba Sanhá (RENARC/SINJOTECS), Tiago Seidi (CFM), Indira Correia Baldé (SINJOTECS), Paula Melo (AMPROCS), Fernando Pereira (Jornalista/Consultor) e Armando Mussa Sani (CTO/RBM) — abriram a sessão com reflexões sobre a importância da liberdade de expressão como pilar da democracia, sob a sábia moderação da Indira Pinto Monteiro (SINJOTECS). Denunciaram as práticas de censura, as ameaças e a pressão política que limitam a atuação dos jornalistas. Sublinhou-se que restringir a voz da imprensa é comprometer o próprio processo democrático.
Nas intervenções do público destacou-se a necessidade de fortalecer a unidade da classe jornalística, promovendo solidariedade, ética e compromisso com a verdade. Vários participantes alertaram para o risco de um jornalismo militante, alinhado a interesses partidários, que transforma profissionais em assessores de políticos. Foi lembrado o provérbio em crioulo: “Bardadi ika malgueta” — a verdade não é pimenta, mas continua a ser temida.
Os participantes afirmaram que o jornalista deve manter a independência e recusar favores, viagens e compensações que possam comprometer a imparcialidade. É essencial praticar um jornalismo “limpu” — transparente, honesto e fundamentado — que não se deixa comprar nem silenciar. Também se discutiu o papel das rádios comunitárias na formação cívica dos cidadãos e na promoção da Cidadania consciente.
Mais uma vez, o Café Jornalístico reafirmou-se como um espaço de conscientização e solidariedade, onde a escuta e o diálogo crítico ajudam a transformar práticas e mentalidades. O público destacou que o voto dura um dia, mas as consequências políticas podem marcar o país por décadas — por isso, a informação livre, verificada e responsável é um dever coletivo.
Com esta edição, o Café Jornalístico consolidou-se como um laboratório de cidadania e democracia participativa, promovendo a reflexão entre a velha e a nova geração de jornalistas da Guiné-Bissau. Antes de sermos jornalistas, lembrou uma das oradoras, somos cidadãos — e a força da cidadania é a base da paz.