UDJU RIBA DI NO VOTU

uma análise nacional e regional sobre as práticas E EXPERIÊNCIAS DO ELEITORADO em processos democráticos NA GUINÉ-BISSAU.

Sentido do voto na Região de Quinara

Regional 24/06/2022 — 31/10/2022 Região de Quinara, Setor de Buba, Setor de Empada, Setor de Fulacunda, Setor de Tite

Quinara, no sul da Guiné-Bissau, apresenta forte presença Beafada e Balanta, população jovem e diversidade religiosa. A agricultura é a principal atividade, mas o comércio e o setor público também se destacam. A região revela níveis de escolaridade relativamente elevados e elege cinco deputados, sendo espaço relevante para compreender os desafios da participação democrática.

Eleitores 2018
31.920
Questionários
152
Meta %
0,5 %
Grupo 1 Quinara

1. PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO

Na região de Quinara foram inquiridos 152 eleitores, maioritariamente Beafada (36%) e Balanta (26%), refletindo a diversidade étnica local. A população é jovem, com 59% entre 19 e 39 anos, e mantém equilíbrio de género (53% homens, 47% mulheres). O Islão predomina (53%), seguido do cristianismo (33%). O casamento tradicional é mais frequente e a maioria dos agregados conta menos de dez eleitores. A escolaridade situa-se sobretudo entre 10.ª–12.ª classe (24%), com 14% a declarar ensino superior — um dado distintivo em relação a outras regiões. A economia assenta na agricultura (40%), mas também no comércio (20%) e no setor público (16%).

regional

Gráfico 1: Etnias do público-alvo.

Segundo o gráfico 1, a etnia predominante entre os/as entrevistados/as no estudo na região de Quinara é a etnia Beafada, representada por 36%.

Conforme o gráfico 1, a região de Quinara acolhe igualmente todo o mosaico étnico guineense, sendo que a etnia predominante entre os eleitores entrevistados nessa região é a Beafada que representa 36%, seguido de Balanta com 26%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 2: Faixa etária

A faixa etária dos entrevistados/as nessa região se encontra entre os 19-29 anos, representada por 31%, em seguida a faixa dos 30 a 39 anos, representada por 28%.

Entre os eleitores entrevistados nessa região, a faixa etária predominante se encontra entre os 19-29 anos, que representa 31%, em seguida dos 30-39 anos, que representa 28%. Ou seja, uma faixa etária predominantemente jovem supostamente com interesse em acompanhar as dinâmicas do associativismo e questões sociopolíticas do país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 3: Sexo do público-alvo do estudo.

Num universo de 152 entrevistados/as na região de Quinara, 53% foram do sexo feminino e 47% do sexo masculino.

Em termos de género num universo de 152 eleitores entrevistados na região de Quinara pode-se constatar um relativo equilíbrio em termos de participação no inquérito, com 53% a representar o sexo masculino, contra 47% do sexo feminino.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 4: Religião dos entrevistados.

A religião predominante entre os/as entrevistados/as nessa região é a cristã, representada por 33%.

A religião predominante entre os eleitores entrevistados nessa região é a muçulmana com 53%, seguida por cristã com 33%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 5: Estado civil dos entrevistados.

No que diz respeito ao estado civil dos/as entrevistados/as, constatou-se que 68% são casados (as), 28% são solteiros (as), 2% são divorciados (as) e 2% são viúvos (as).

No que diz respeito ao estado civil dos eleitores entrevistados, constatou-se que 68% são casados, 28% solteiros, 2% divorciados e 2% viúvos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 6: Tipos de casamento do público-alvo.

Entre os casados, o tipo de casamento predominante é o casamento de usos e costumes, representado por 56%.

Entre os casados, a celebração é baseada em usos e costumes de cada grupo, e representa 56 % dos eleitores entrevistados.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 7: Capacidade eleitoral

Quando questionados/as sobre a capacidade eleitoral do agregado familiar, 82% afirmam que no agregado menos de 10 pessoas podem votar e 16% afirmam que no agregado mais de que 10 podem votar.

Praticamente, todos os eleitores questionados têm alguém no seu agregado familiar com a capacidade eleitoral. E em respostas obtidas, 82% afirmam que no agregado têm menos de 10 pessoas que podem votar e 16% afirmam que têm mais de 10.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 8: Nível de escolaridade.

De acordo com o gráfico 8, o nível de escolaridade predominante entre os/as entrevistados/as na região de Quinara é o nível de escolaridade entre 10ª – 12ª classe, representado por 24% em seguida o nível entre 7.ª – 9ª classe, representado por 16%. E ainda se nota que 14% dos entrevistados/as possuem curso superior.

De acordo com o gráfico 8, o nível de escolaridade predominante entre os eleitores entrevistados na região de Quinara é o de 10ª – 12ª classe, que representa 24%, em seguida o nível entre 7.ª – 9ª classe com 16%. E ainda se nota também que 14% dos eleitores entrevistados possuem curso superior, um facto positivamente diferenciador quando comparado com outras regiões.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 9: Fonte de receita.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou ilucidar são dominios de atividades laborais dos/as entrevistados/as. Num universo de 152 entrevistados/as, 40% são agricultores/as, 9% trabalham no setor privado, 16% no setor público e 20% são comerciantes.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou elucidar são domínios de atividades laborais dos eleitores entrevistados. E num universo de 152 eleitores, 40% são agricultores, 9% trabalham no setor privado, 16% no setor público e 20% são comerciantes. Grosso modo, os dados apontam que são cidadãos com ocupação e que, direta ou indiretamente, têm contribuído para o processo de desenvolvimento socioeconómico do país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 2 Quinara

1.2. PERFIL SOBRE A CONFIANÇA NOS CANDIDATOS/AS

Os eleitores de Quinara revelam trajetórias eleitorais marcadas por repetidas participações, sobretudo em legislativas e presidenciais. A confiança nos partidos divide opiniões: muitos permanecem fiéis por tradição ou crença na liderança, enquanto outros se afastam devido ao incumprimento das promessas. Nos grupos focais surgiram vozes de esperança, mas também frustração com promessas nunca concretizadas, como a estrada Buba–Fulacunda. A percepção dominante é que a democracia deveria trazer justiça e desenvolvimento, mas a prática política, baseada em promessas vazias e compra de consciências, mina essa confiança.

regional

Gráfico 10: Nº de vezes que o público-alvo já votou.

Quando questionadas/os quantas vezes já votaram, percebe-se que num universo de 152 entrevistadas/os, 21% assumem que já votaram pelo menos 4 vezes e 20% pelo menos 5 vezes.

A propósito procurou-se observar o nível de confiança dos eleitores nos candidatos, mas sobretudo o que os levam a votar em determinados candidatos ou partidos. Nesse sentido, quando questionados quantas vezes já votaram, percebe-se que num universo de 152 eleitores entrevistados, 21% assumem que já votaram pelo menos 4 vezes e 20% pelo menos 5 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 11: Votação nas eleições gerais.

Em relação a participação nas eleições realizadas no pais, percebe-se que 16% afirmam ter votado nas eleições gerais em 1994, 7% nas eleições de 1999, 13 % nas eleições gerais de 2014 e 2% nas eleições gerais de 2019. 63% não souberam responder essa questão.

Entretanto, sobre a participação nas eleições realizadas no pais, percebe-se que, 16% afirmam terem votado nas eleições gerais em 1994, 7% nas de 1999 e 13 % nas de 2014. E um número maior correspondente a 63% não souberam responder essa questão. Conforme noutras regiões foi observado, acreditamos que os entrevistados tiveram alguma dificuldade em compreender a denominação “eleições gerias”, e logo a seguir vamos constatar uma leitura diferente em relação as eleições legislativas e presidenciais.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 12: Votação nas legislativas.

Em relação ao número de vezes que os entrevistados/as votaram nas eleições legislativas passadas, 88% afirmam ter votado pelo menos 6 vezes.

Por conseguinte, em relação ao número de vezes que os eleitores entrevistados votaram nas eleições legislativas, 88% afirmam terem votado pelo menos 6 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 13: Eleições presidenciais.

E nas eleições presidenciais passadas, 88% dos entrevistados/as afirmam ter votado pelo menos 6 vez nas eleições presidenciais.

De igual modo, nas eleições presidenciais, a participação corresponde com a anterior, e 88% dos eleitores entrevistados afirmam terem votado pelo menos 6 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 14: Nível de confiança no partido.

Durante o diagnostico também foi possível medir o nível de confiança que os entrevistados/as possuem em relação ao partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 42% afirmam que não votam sempre no mesmo partido enquanto que 55% afirmam que sim tem votado sempre no mesmo partido.

Durante o estudo também foi possível medir o nível de confiança que os eleitores entrevistados possuem em relação ao partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 42% afirmam que não votam sempre no mesmo partido, enquanto 55% afirmam que têm votado sempre no mesmo partido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 15: Motivos para votar no mesmo partido.

E os principais motivos de terem votado sempre no mesmo partido são: confiança no partido (38%), o partido tem um bom Programa de Governo (11%) e ter admiração pelo partido (5%).

E de acordo com as respostas, os eleitores não apresentaram dificuldades em apontar os principais motivos que os levem a votar sempre no mesmo partido. E em suas respostas, 38% justificam que é por confiança no partido, 11% consideram que é pelo bom programa de governo e apenas 5% afirmam que admiram o partido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 16: Motivos para não votar no mesmo partido.

E os/as entrevistados/as que afirmam que não votaram no mesmo partido nas últimas eleições pelos seguintes motivos: não cumpriu as promessas da campanha anterior (11%) e a falta de confiança no partido (31%).

E já para aqueles que afirmam que não votam sempre no mesmo partido, as justificativas são: 11% justificam por falta de cumprimento das promessas da campanha e 31% por falta de confiança no partido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 17: Nível de confiança nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Além de tentar analisar os principais motivos que influenciaram o votar ou não votar num determinado partido nas últimas eleições, o diagnostico procurou também analisar o nível de confiança dos entrevistados/as nas promessas eleitorais dos/das candidatos/as na região de Quinara. Num universo de 152 entrevistados/as, 58% afirmam que não acreditaram nas promessas eleitorais dos candidatos e 41% afirmam acreditar nas promessas.

Além de tentar observar os principais motivos que influenciaram os eleitores a votarem ou não em determinados partidos ou candidatos nas eleições, procurou-se também compreender o nível de confiança que têm nas promessas eleitorais que são feitas pelos partidos e candidatos. Num universo de 152 eleitores entrevistados, 58% afirmam que não acreditaram nas promessas eleitorais dos candidatos e 41% afirmam acreditarem nas promessas.

Em relação a essa questão, tanto quanto os entrevistados, os participantes no grupo focal também demonstraram falta de confiança nas promessas que são feitas. Contudo, alguns afirmam que, às vezes, acreditam e tentam renovar esperanças para ver o que pode acontecer. Entre as contribuições, eis o que uma participante disse:

Nos períodos eleitorais os políticos nos fazem várias
promessas e nós precisamos de serviços básicos, como
hospitais, escolas e outros. Eles nos prometem todas essas
coisas e apesar de não cumprem com as suas palavras,
temos sempre a esperança de que podem vir a cumpri-las.

Participante no. 6 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Mas, ainda foi possível registar sentimentos de revolta face ao incumprimento das promessas e alguns eleitores até advertiram que já chegaram a pensar que já não vale a pena continuar a votar. Esse participante é entre tantos com a mesma opinião:

(…) já chamei a minha mulher e lhe disse para deixarmos de
votar. Os nossos votos não trazem nenhum resultado, “constrói-se uma casa quando sabes que vais morar nela, caso contrário, não vale o esforço”. Este ano não vamos votar, a estrada que liga Buba a Fulacunda não tem mínimas condições, mas são das primeiras promessas que sempre fazem, vamos construir esta estrada. Desde 1994 durante a abertura democrática na Guiné-Bissau foram feitas várias promessas, mas nenhuma chegou a ser cumprida, porque os políticos conseguem comprar a consciência e dignidade dos eleitores.

Participante no. 5 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

A manipulação de eleitores com pouca capacidade de discernimento sobre a importância do seu voto tem sido observada pelos participantes no grupo focal como uma das estratégias contraproducente que ajuda a desvalorizar o sentido de voto. Um dos participantes86 procurou mostrar que não há nenhum bem que os políticos podem disponibilizar durante a campanha eleitoral cujo valor supere o que a educação ou a saúde têm na vida de qualquer eleitor. E ainda declara que:

(…) pessoalmente não acredito nos nossos políticos, porque
fazem várias promessas que não cumprem. Nos períodos
eleitorais procuram pessoas menos esclarecidas para enganarem com bens matérias de pouco valor como por exemplo motorizadas, bicicletas, carros e etc. Sendo que para os serviços essenciais que precisamos não fazem nada, caso de hospitais e escolas. Vamos supor que a pessoa caia nessa motorizada que lhes entregaram e se machucou, mas não tem um hospital em condições para um tratamento adequado (…).

Participante no. 8 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Conforme foi possível constatar entre os eleitores entrevistados, aqueles que acreditam, em alguns casos, têm uma ligação de militância ou de admiração as lideranças e, supostamente, não levam muito em consideração a coerência e idoneidade das promessas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 18: Motivos para acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Portanto, segundo o gráfico 18, os/as entrevistados/as que afirmam que acreditar nas promessas eleitorais dos/as candidatos/as nas últimas eleições, 29% afirmam ter confiança no candidato, 11% afirmam que o candidato apresentou um bom Programa de Governo e 61% não souberam responder.

Portanto, segundo o gráfico 18, entre os eleitores entrevistados que afirmam acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições, 29% justificam a confiança no candidato como razão, 11% consideram porque apresentou um bom programa de governo, enquanto 61% não souberam responder.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 19: Motivos para não acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Entretanto, os/as entrevistados/as que afirmam não acreditar nas promessas eleitorais do candidato nas eleições passadas, 14% afirmam que não acreditam porque não confiam no candidato e 44% afirmam que o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Entretanto, já para os eleitores entrevistados que afirmam não acreditarem nas promessas eleitorais dos candidatos, 14% alegam não confiarem no candidato e 44% porque o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 20: Processo democrático.

Quando questionados/as sobre o processo democrático do pais, num universo de 152 entrevistados/as, 63% afirmam que a democracia serve para a paz e justiça social e 27% afirmam que a democracia serve para o desenvolvimento do pais.

Nesse sentido, quando questionados sobre a importância do processo democrático para o pais, num universo de 152 eleitores entrevistados, 63% afirmam que a democracia serve para construir a paz e justiça social e 27% afirmam que a democracia serve para o desenvolvimento do pais. Obviamente, os eleitores demonstraram que a democracia serve para construir as duas coisas e, consequentemente, permitir que os cidadãos possam ter oportunidades para viver com dignidade.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 21: Significado do período da campanha eleitoral para o público-alvo.

De acordo com o gráfico 21, 58% dos entrevistados/as afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 22% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 9% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos.

De acordo com o gráfico 21, 58% dos eleitores entrevistados afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 22% responderam que o período da campanha eleitoral significa de conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 9% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos. Observando as respostas, a leitura dos eleitores foca no que deveria ser o sentido que uma campanha eleitoral deveria proporcionar, contudo igualmente demonstraram o receio face ao crescimento de riscos de conflitos sociais e disputas religiosas que gradualmente o processo está a incorporar. No geral, os participantes observaram o período da campanha eleitoral como de debate político e apresentação de propostas de governação aos eleitores, mas também apontaram para os riscos de descaracterização substancial desses objetivos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 3 Quinara

1.3. PERFIL SOBRE A INFLUÊNCIA NO ATO DE VOTAR

Em Quinara, votar é entendido sobretudo como forma de escolher programas de governo e resolver problemas nacionais. Embora a maioria declare decidir autonomamente, persistem influências familiares, comunitárias e até práticas coercitivas como a mandjidura. Os grupos focais denunciaram ainda a compra de votos com motorizadas, arroz ou camisolas, distribuídos por líderes comunitários e chefes de tabanca. Esse processo reforça desigualdades e fragiliza a confiança, mostrando como o peso das estruturas locais e das trocas materiais ainda condiciona a liberdade de escolha, apesar da consciência de que o voto deveria expressar dignidade e soberania popular.

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Gráfico 22: Significado do ato de votar para o público-alvo.

O estudo também procurou entender o que significa o ato de votar para o público-alvo na região de Quinara. Assim sendo, num universo de 152 entrevistados/as, 34% afirmam que para eles o ato de votar significa eleger o candidato com melhor Programa de Governo.

Nessa parte procurou-se observar influências que os eleitores sofrem na hora de votar. Ou seja, até que ponto eles são autónimos para decidir em quem votar sem se deixarem ser influenciadas pela escolha de decisão de terceiros. O estudo também procurou entender o que significa o ato de votar para eleitores da região de Quinara. Assim sendo, num universo de 152 eleitores entrevistados, 34% afirmam que para eles o ato de votar significa eleger o candidato com melhor programa de governo e 29% consideram que significa votar em candidato com programa do governo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 23: Motivos que justifica o ato de votar.

Segundo o gráfico 23, 90% dos entrevistados/as afirmam que votaram nas eleições passadas porque viram no candidato uma oportunidade de resolver os diferentes problemas que o país enfrenta.

Segundo o gráfico 23, 90% dos eleitores entrevistados afirmam que votam nas eleições pensando que seria uma oportunidade de resolver os problemas que o país enfrenta. Teoricamente, com esse posicionamento os eleitores demonstraram possuir um dos principais motivos que caracteriza o ato de voltar, que é de atender os desafios que o país pretende resolver.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 24: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto vem por parte de:

Em relação a orientação na hora de votar, das respostas obtidas, os entrevistados/as afirmam que a orientação do voto vem por parte do pai/mãe (5%).

Em relação a orientação na hora de votar, das respostas obtidas, 5% dos eleitores entrevistados afirmam que a orientação do voto vem por parte do pai ou da mãe. Mas, o grosso dos eleitores não souberam responder conforme gráfico 24.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 25: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto é:

Entretanto, dos que não escolheram as opções acimas, 77% afirmaram que orientação de voto é pessoal.

Entretanto, dos que não escolheram as opções acima, 77% afirmaram que orientação de voto é pessoal.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 26: Influências na hora de escolher o partido. A minha orientação de voto é infuenciada tambem por:

Além disso, 4% dos/as entrevistados/as afirmaram que o voto também é influenciado por Mandjidura.

Além disso, 4% dos eleitores entrevistados admitiram que o voto também é influenciado por mecanismo coercitivo de controlo social tradicional, designadamente, “mandjidura”. ( Mecanismo de interdição e punição baseado numa relação com a ancestralidade espiritual.)

Durante o grupo focal a reação dos participantes foi mais contundente e admitiram a influência de terceiros na decisão de voto dos eleitores. Alguns participantes mencionaram partidos com principais patrocinados desse tipo de comportamento. Na opinião de um dos participantes:

O voto é influenciado, e tem muitos partidos que dão dinheiro aos eleitores em troca de voto. Aconteceu na mesa de voto onde trabalhei nas eleições passadas casos de pessoa que queriam entrar com os seus telemóveis nas cabines de votação para fotografar o boletim de voto de forma a comprovar que votaram no partido x. Outro fator influenciador é o voto étnico. Nas eleições passadas um grupo de pessoas de uma determinada etnia se dirigiram em grupo para a mesa de votação para votar, porém na segunda volta das mesmas eleições esse grupo não foi votar porque o candidato que é da etnia deles não passou para a segunda volta. Isso mostra claramente a tendência ou a influência que o componente étnico tem na decisão de voto dos
eleitores. A educação cívica tem papel importante na
sensibilização da população, porém existe um grande
desinteresse da população nas campanhas de educação cívica promovidas.

Participante no. 8 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

De alguma forma, embora não assumida de maneira explicita o voto é influenciado quer pelos partidos que procuram comprar consciência dos eleitores mediante investimentos que fazem, disponibilizando os bens matérias.
Mas, também pela forma como agem os líderes comunitários, chefes de famílias e estruturas sociocomunitárias.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 27: Bens para angariar votos.

Além de serem influenciados/as de alguma forma, num universo 152 resposta em Quinara, 75% dos/as entrevistados/as afirmam que os partidos e os candidatos oferecem bens materiais para angariar voto nas comunidades.

Embora no geral os eleitores entrevistados não admitiram serem influenciados de alguma forma, num universo 152 respostas em Quinara, 75% afirmam que os partidos e candidatos oferecem bens materiais para angariar votos nas comunidades durante a campanha eleitoral.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 28: Os bens oferecidos para angariar votos.

Segundo o gráfico 28, os bens oferecidos para angariar votos nas comunidades são: motorizado (25%), camisolas (28%), arroz (22%) e dinheiro (10%).

E de acordo o gráfico 28, conseguem ainda enumerar alguns bens disponibilizados pelos partidos e candidatos para angariar votos, onde se destacam: 25% apontam as motorizadas, 28% consideram as camisolas, 22% apontam o arroz e 10% consideram que é o dinheiro. Conforme procuramos mostrar nas outras regiões, não importa na verdade considerar que tipo de bens são mais disponibilizados, mas apenas compreender que essa ação ocorre apenas durante o período da campanha eleitoral. depois desse período os eleitores não só deixam de contar com assistência, como também já não conseguem contatar com os atores políticos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 29: Os beneficiários dos bens oferecidos.

Os principais beneficiários, segundo os/as entrevistados/as são: a comunidade (18%), o responsável local do partido (14%) e ou chefe de tabanca (20%).

Entre os principais beneficiários, segundo os eleitores entrevistados afiguram estruturas sociocomunitárias e lideranças. E em suas respostas, 18% apontam a comunidade como um dos beneficiários, 14% acreditam que é o responsável local do partido e 20% consideram o chefe de tabanca. Conforme as indicações supramencionadas, os bens são distribuídos a partir de estruturas comunitárias existentes e líderes de opiniões, e cada grupo em função de sua capacidade de organização e densidade de seus membros pode alocar mais benefícios.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 4 Quinara

1.4. PERFIL SOBRE O NÍVEL DE CONFIABILIDADE DO PROCESSO DEMOCRÁTICO NO PAÍS

Na região de Quinara, 82% dos eleitores defendem a exigência de escolaridade mínima para deputados e membros do governo, entendendo-a como condição para liderar e decidir com responsabilidade. Ao mesmo tempo, 73% consideram o desempenho democrático do país mau, o que traduz frustração e desconhecimento do verdadeiro sentido da democracia, como apontaram vários participantes. As instituições recolhem baixa confiança, com destaque para a Liga Guineense dos Direitos Humanos (24%). Há consenso sobre a necessidade de abrir espaço para mulheres e jovens, embora se ressalte que também precisam conquistar ativamente esses lugares. Persistem críticas à falta de transparência eleitoral e à divulgação tardia dos resultados.

regional

Gráfico 30: Nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Quando questionados/as sobre a importância da escolaridade mínima para deputados e governantes, os 82% dos/as entrevistados/as afirmam que sim deveria haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Essa parte traz observações interessantes sobre o nível de confiança dos eleitores em relação aos eleitos, sobretudo no que diz respeito aos seus níveis de preparo e, também em relação a aquilo que pensam do desempenho democrático no país. Em relação a importância da escolaridade mínima para deputados e membros do governo, os eleitores entrevistados demonstraram saber que é obrigatório que os responsáveis públicos tenham um nível aceitável de preparação. Em suas opiniões, 82% afirmam que deveria haver um nível de escolaridade mínimo para esses cargos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 31: Motivos para haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

De acordo com o gráfico 31, os entrevistados/as afirmam que é importante haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes pelos seguintes motivos: para ser um bom lider (16%), para poder tomar as melhores decisões (32%) e para ter a capacidade de governar melhor (27%).

De acordo com o gráfico 31, os eleitores entrevistados afirmam que é importante haver um nível de escolaridade mínimo para deputados e membro do governo pelos seguintes motivos: 16% consideram que é fundamental para se poder ser um bom líder, 32% são de opinião que é necessário para se poder tomar as melhores decisões e 27% justificam que é a base para se ter a capacidade de governar melhor.

Sobre esse assunto os participantes do grupo focal também são da mesma opinião e defendem o nível mínimo como condição para o acesso aos cargos de deputado. Segundo um dos participantes:

A população não é culpada pela eleição de deputados que não têm nível acadêmico para o parlamento. Porque os candidatos à deputados são apresentados pelos partidos que eles (eleitores) são militantes ou simpatizantes e isso é o que lhes dificultam. Poderia ser mais fácil se a população escolhesse o seu candidato e apresentar ao partido (…).

Participante no. 5 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Conforme se pode ver, a observação procurou ilibar os eleitores de qualquer responsabilidade sobre a qualidade de candidatos que são eleitos ao cargo de deputado e, acusam os partidos na qualidade de estrutura que faz a seleção
dos candidatos ao parlamento como o responsável. E ainda sugerem a necessidade de existir uma legislação a definir os critérios de quem pode ser candidato a deputado e membro do governo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 32: Nível de satisfação com o desempenho democrático no país.

Analisando o gráfico 32, percebe que 73% dos/as entrevistos/as afirmam que o desempenho democrático no pais é mau e 24% afirmam que o desempenho democrático é bom.

Analisando o gráfico 32, percebe que 73% dos eleitores entrevistados são de opinião que o desempenho democrático no pais é mau e 24% consideram-no de bom. A insatisfação com o desempenho da democracia é elevada e os participantes no grupo focal são de opinião de que isso acontece porque os eleitores desconhecem o verdadeiro sentido da democracia.

De acordo com um dos participantes:

Falamos da democracia, mas a democracia está por vir, ainda não vivenciamos os valores democráticos. Desde que
começamos a votar em 1994 até hoje não existe um sinal da
democracia. A democracia existe quando cada pessoa é livre na não entendem isso e muitos ainda votam sem saberem por quê votam? Será que nesse tipo de país vamos ter algum conhecimento das coisas quando votamos sem saber para quê forma como faz a sua escolha (…) Na Guiné-Bissau as pessoas estamos a votar?

Participante no.5 no grupo focal em Buba • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Aliás, as opiniões dos participantes no grupo focal indicam que a democracia ainda esteja num processo de construção e ela só vai passar a existir quando os eleitores sabem qual é a importância de seus votos na promoção do bem-estar comum.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 33: Instituições do país que inspira mais confiança.

Em relação a confiança que as instituições do pais transmitem, a Liga Guineense dos Direitos Humanos aparece em primeiro lugar, representado por 24%, segundo os/as entrevistados/as. Em seguida aparece a Presidência (13%) e depois a força de defesa (5%).

Em relação a confiança que as instituições do pais transmitem, a sociedade civil representada pela Liga Guineense dos Direitos Humanos aparece com uma confiança relativa de 24% na opinião dos eleitores entrevistados. Em seguida, aparece a Presidência da República com 13%. No geral, percebe-se que para os eleitores entrevistados da região de Quinara o nível de confiança em relação ao desempenho de instituições democráticas é baixo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 34: Oportunidade para as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

De acordo com o gráfico 34, verifica-se que 91% dos entrevistados afirmam que deviam começar a dar oportunidades as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

De acordo com o gráfico 34, verifica-se que 91% dos eleitores entrevistados afirmam que deviam começar a dar oportunidades as mulheres e jovens para assumirem cargos políticos.

Essa questão é consensual e praticamente todos os eleitores são de opinião que o espaço público de tomada de decisão precisa ser democratizado. Mas, algumas contribuições do grupo focal responsabilizam mulheres e jovens pelas suas não representação nas esferas de tomada de decisão. De acordo com um dos participantes:

Várias vezes falamos sobre a necessidade de dar as mulheres e aos jovens a oportunidade, mas se são eles (mulheres e jovens) os próprios que votam nos homens e ainda nos candidatos que não merecem (…)

Participante no. 5 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

A opinião critica à postura das mulheres e dos jovens ainda se nota na intervenção desse outro participante que considera que:

(…) as mulheres e os jovens já devem ser dados oportunidades, mas também não basta dar-lhes gratuitamente, é preciso que trabalhem para que possam conquistar eles mesmos os seus próprios espaços, visto que os atuais dirigentes não vão simplesmente ceder os seus lugares. É preciso que cheguem lá por méritos próprios (…).

Participante no. 7 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Se por um lado percebe-se que as mulheres e os jovens na qualidade de grupos maioritários precisam se consciencializarem para mudar o destino e a utilidade de seus votos, dando oportunidade a eles mesmos. Por outro lado, há um entendimento de que mudando as personagens pode-se também estar a criar oportunidade para o desenvolvimento do país.

E um participante foi mesmo perentório quando disse o seguinte:

Acho que já está na hora de dar oportunidade para os jovens e mulheres. Há muito que estamos com as mesmas pessoas e não vimos nenhum resultado satisfatório, então deve haver mudança dando oportunidade aos jovens e mulheres para mostrarem que são capazes de fazer melhor para o nosso país, quem sabe daremos um passo para frente.

Participante no. 6 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Pelas contribuições é consensual que as mulheres e os jovens devem participar nas esferas públicas de tomada de decisão, no entanto, são de suas responsabilidades a iniciativa de trabalhar solidariamente para conquistar seus
lugares.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 35: Processo do voto na Guiné-Bissau.

Com relação ao processo de voto no pais, 28% dos/as entrevistados/as afirmam que há falta transparência ao longo do processo, 14% afirmam que se deveria aumentar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral, 14% afirmam haver atraso na divulgação dos resultados e 17% afirmam que se deveria realizar recenseamento em todas as comunidades.

Em relação ao processo de voto no pais, os eleitores entrevistados demonstram alguma preocupação pela forma como tem sido organizado e, 28% consideram a existência de falta transparência ao longo do processo, enquanto 14% acham que se deveria aumentar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral, 14% afirmam haver atraso na divulgação dos resultados e 17% defendem a necessidade de se realizar recenseamento em todas as comunidades.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 36: Opinião sobre o inquérito.

De acordo com o gráfico 36, 99% dos entrevistados/as na região de Quinara acreditam serem importantes as questões colocadas no inquérito.

No que concerne a opinião de eleitores entrevistados, de acordo com o gráfico 36, 99% acreditam serem importantes as questões colocadas no inquérito. Certamente, o momento serviu de oportunidade não só para pronunciarem sobre a importância que dão ao seu voto, o histórico do processo eleitoral no país, mas também para entender as suas perceções em relação ao funcionamento das instituições democráticas. Resumidamente pelas opiniões dos eleitores percebe-se que ainda existe muita expetativa sobre aquilo que a democracia é capaz de favorecer em benefício comum, mas deixaram patente a sobreposição da agenda pessoal que tem sido um entrave colocado a uma sociedade na eminência de rotura com os valores democráticos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.