Sentido do voto na Região de Quinara

Regional 24/06/2022 — 31/10/2022 Região de Quinara, Setor de Buba, Setor de Empada, Setor de Fulacunda, Setor de Tite

Quinara, no sul da Guiné-Bissau, apresenta forte presença Beafada e Balanta, população jovem e diversidade religiosa. A agricultura é a principal atividade, mas o comércio e o setor público também se destacam. A região revela níveis de escolaridade relativamente elevados e elege cinco deputados, sendo espaço relevante para compreender os desafios da participação democrática.

Eleitores 2018
31.920
Questionários
152
Meta %
0,5 %
Grupo 1 Quinara

1. PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO

Na região de Quinara foram inquiridos 152 eleitores, maioritariamente Beafada (36%) e Balanta (26%), refletindo a diversidade étnica local. A população é jovem, com 59% entre 19 e 39 anos, e mantém equilíbrio de género (53% homens, 47% mulheres). O Islão predomina (53%), seguido do cristianismo (33%). O casamento tradicional é mais frequente e a maioria dos agregados conta menos de dez eleitores. A escolaridade situa-se sobretudo entre 10.ª–12.ª classe (24%), com 14% a declarar ensino superior — um dado distintivo em relação a outras regiões. A economia assenta na agricultura (40%), mas também no comércio (20%) e no setor público (16%).

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Gráfico 1: Etnias do público-alvo.

Segundo o gráfico 1, a etnia predominante entre os/as entrevistados/as no estudo na região de Quinara é a etnia Beafada, representada por 36%.

Conforme o gráfico 1, a região de Quinara abriga a diversidade étnica guineense, com a etnia Beafada predominando entre os eleitores entrevistados (36%), seguida de balanta (26%).

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 2: Faixa etária

A faixa etária dos entrevistados/as nessa região se encontra entre os 19-29 anos, representada por 31%, em seguida a faixa dos 30 a 39 anos, representada por 28%.

Entre os eleitores entrevistados nessa região, a faixa etária predominante está entre 19 a 29 anos (31%), seguida pela faixa de 30 a 39 anos (28%). Ou seja, o eleitorado é predominantemente jovem, o que sugere interesse em acompanhar as dinâmicas do associativismo e as questões sociopolíticas do país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 3: Sexo do público-alvo do estudo.

Num universo de 152 entrevistados/as na região de Quinara, 53% foram do sexo feminino e 47% do sexo masculino.

Em termos de género, em um universo de 152 eleitores entrevistados na região de Quinara, constata-se um equilíbrio relativo na participação no inquérito, com 53% a representando o sexo masculino e 47% o sexo feminino.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 4: Religião dos entrevistados.

A religião predominante entre os/as entrevistados/as nessa região é a cristã, representada por 33%.

A religião predominante entre os eleitores entrevistados na região é a muçulmana (53%), seguida pela cristã (33%).

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 5: Estado civil dos entrevistados.

No que diz respeito ao estado civil dos/as entrevistados/as, constatou-se que 68% são casados (as), 28% são solteiros (as), 2% são divorciados (as) e 2% são viúvos (as).

Em relação ao estado civil dos eleitores entrevistados, constatou-se que 68% são casados, 28% solteiros, 2% divorciados e 2% viúvos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 6: Tipos de casamento do público-alvo.

Entre os casados, o tipo de casamento predominante é o casamento de usos e costumes, representado por 56%.

Entre os casados, a celebração baseia-se em usos e costumes de cada grupo e representa 56 % dos eleitores entrevistados.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 7: Capacidade eleitoral

Quando questionados/as sobre a capacidade eleitoral do agregado familiar, 82% afirmam que no agregado menos de 10 pessoas podem votar e 16% afirmam que no agregado mais de que 10 podem votar.

Praticamente todos os eleitores questionados têm alguém no seu núcleo familiar com a capacidade eleitoral. Em relação às respostas obtidas, 82% afirmam que seu núcleo familiar possui menos de 10 pessoas eleitores, enquanto 16% indicam que possuem mais de 10.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 8: Nível de escolaridade.

De acordo com o gráfico 8, o nível de escolaridade predominante entre os/as entrevistados/as na região de Quinara é o nível de escolaridade entre 10ª – 12ª classe, representado por 24% em seguida o nível entre 7.ª – 9ª classe, representado por 16%. E ainda se nota que 14% dos entrevistados/as possuem curso superior.

De acordo com o gráfico 8, o nível de escolaridade predominante entre os eleitores entrevistados na região de Quinara é o de 10º ao 12º ano, representando 24%. Em seguida, destaca-se o nível entre o 7º e o 9º ano, com 16%. Observa-se também que 14% dos eleitores entrevistados possuem curso superior, um dado o positivamente diferenciador em comparação com outras regiões.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 9: Fonte de receita.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou ilucidar são dominios de atividades laborais dos/as entrevistados/as. Num universo de 152 entrevistados/as, 40% são agricultores/as, 9% trabalham no setor privado, 16% no setor público e 20% são comerciantes.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou elucidar são domínios de atividades laborais dos eleitores entrevistados. Em um universo de 152 eleitores, 40% são agricultores, 9% trabalham no setor privado, 16% no setor público e 20% são comerciantes. Grosso modo, os dados apontam que se trata de cidadãos com ocupação e que, direta ou indiretamente, têm contribuído para o processo de desenvolvimento socioeconómico do país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 2 Quinara

1.2. PERFIL SOBRE A CONFIANÇA NOS CANDIDATOS/AS

Os eleitores de Quinara revelam trajetórias eleitorais marcadas por repetidas participações, sobretudo em legislativas e presidenciais. A confiança nos partidos divide opiniões: muitos permanecem fiéis por tradição ou crença na liderança, enquanto outros se afastam devido ao incumprimento das promessas. Nos grupos focais surgiram vozes de esperança, mas também frustração com promessas nunca concretizadas, como a estrada Buba–Fulacunda. A percepção dominante é que a democracia deveria trazer justiça e desenvolvimento, mas a prática política, baseada em promessas vazias e compra de consciências, mina essa confiança.

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Gráfico 10: Nº de vezes que o público-alvo já votou.

Quando questionadas/os quantas vezes já votaram, percebe-se que num universo de 152 entrevistadas/os, 21% assumem que já votaram pelo menos 4 vezes e 20% pelo menos 5 vezes.

Nesta etapa, observou-se o nível de confiança dos eleitores nos candidatos, sobretudo os motivos que os levam a votar em determinados candidatos ou partidos. Nesse sentido, quando questionados sobre a frequência com que votaram, percebe-se que, em um universo de 152 eleitores entrevistados, 21% assumem ter votado pelo menos 4 vezes e 20% pelo menos 5 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 11: Votação nas eleições gerais.

Em relação a participação nas eleições realizadas no pais, percebe-se que 16% afirmam ter votado nas eleições gerais em 1994, 7% nas eleições de 1999, 13 % nas eleições gerais de 2014 e 2% nas eleições gerais de 2019. 63% não souberam responder essa questão.

Entretanto, sobre a participação nas eleições realizadas no país, percebe-se que 16% afirmam terem votado nas eleições gerais de 1994, 7% nas de 1999 e 13 % nas de 2014. Um número maior, correspondente a 63% não soube responder a essa questão. Conforme observado em outras regiões, acreditamos que os entrevistados tiveram alguma dificuldade em compreender a denominação “eleições gerias”, e logo a seguir constataremos uma leitura diferente em relação às eleições legislativas e presidenciais.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 12: Votação nas legislativas.

Em relação ao número de vezes que os entrevistados/as votaram nas eleições legislativas passadas, 88% afirmam ter votado pelo menos 6 vezes.

Portanto, em relação ao número de vezes que os eleitores entrevistados votaram nas eleições legislativas, 88% afirmam terem votado pelo menos 6 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 13: Eleições presidenciais.

E nas eleições presidenciais passadas, 88% dos entrevistados/as afirmam ter votado pelo menos 6 vez nas eleições presidenciais.

Da mesma forma, nas eleições presidenciais, a participação foi semelhante à anterior, e 88% dos eleitores entrevistados afirmam ter votado pelo menos 6 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 14: Nível de confiança no partido.

Durante o diagnostico também foi possível medir o nível de confiança que os entrevistados/as possuem em relação ao partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 42% afirmam que não votam sempre no mesmo partido enquanto que 55% afirmam que sim tem votado sempre no mesmo partido.

Durante o estudo, também foi possível medir o nível de confiança que os eleitores entrevistados depositam no partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 42% afirmam não votar sempre no mesmo partido, enquanto 55% afirmam votar sempre no mesmo partido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 15: Motivos para votar no mesmo partido.

E os principais motivos de terem votado sempre no mesmo partido são: confiança no partido (38%), o partido tem um bom Programa de Governo (11%) e ter admiração pelo partido (5%).

De acordo com as respostas, os eleitores não apresentaram dificuldades em apontar os principais motivos que os levam a votar sempre no mesmo partido. Nas suas respostas, 38% justificam a escolha pela confiança no partido, 11% pelo bom programa de governação e apenas 5% pela admiração ao partido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 16: Motivos para não votar no mesmo partido.

E os/as entrevistados/as que afirmam que não votaram no mesmo partido nas últimas eleições pelos seguintes motivos: não cumpriu as promessas da campanha anterior (11%) e a falta de confiança no partido (31%).

Para aqueles que afirmam não votar sempre no mesmo partido, as justificativas são: 11% mencionam o não cumprimento de promessas de campanha e 31% falta de confiança no partido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 17: Nível de confiança nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Além de tentar analisar os principais motivos que influenciaram o votar ou não votar num determinado partido nas últimas eleições, o diagnostico procurou também analisar o nível de confiança dos entrevistados/as nas promessas eleitorais dos/das candidatos/as na região de Quinara. Num universo de 152 entrevistados/as, 58% afirmam que não acreditaram nas promessas eleitorais dos candidatos e 41% afirmam acreditar nas promessas.

Além de analisar os principais motivos que influenciaram os eleitores a votarem ou não em determinados partidos ou candidatos nas eleições, procurou-se também compreender o nível de confiança que depositam nas promessas eleitorais. Numa amostra de 152 eleitores entrevistados, 58% afirmaram que não acreditar nas promessas dos candidatos, enquanto 41% manifestaram acreditar nas promessas.

Durante os períodos eleitorais, os políticos fazem diversas promessas à população, que necessita de serviços básicos como hospitais, escolas e outros. Embora essas promessas nem sempre sejam cumpridas, permanece a expectativa de que passam ser realizadas.

Participante no. 6 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Mas, ainda foi possível registar sentimentos de revolta face ao não cumprimento das promessas, e alguns eleitores até advertiram que já chegaram a pensar que não vale mais a pena continuar a votar.

(…) convenci à minha esposa para não votarmos nas próximas eleições, pois nossos votos não produzem resultados efetivos. É como construir uma casa apenas quando se tem certeza de que se vai morar nela; caso contrário, o esforço não se justifica. Este ano, optamos por não participar do processo eleitoral. A estrada que liga Buba a Fulacunda, por exemplo, continua sem condições mínimas de tráfego, apesar de ser uma das promessas recorrentes dos políticos. Desde a abertura democrática na Guiné-Bissau, em 1994, foram feitas diversas promessas, pois os políticos conseguem influenciar a consciência e a dignidade dos eleitores.

Participante no. 5 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Um dos participantes procurou demonstrar que nenhum benefício oferecido por políticos durante a campanha eleitoral supera o valor da educação ou da saúde na vida de qualquer eleitor. Ainda adicionou a seguinte declaração:

(…) não confio nos políticos, visto que costumam fazer promessas que não cumprem. Durante as campanhas eleitorais, procuram pessoas menos informadas para iludir com bens materiais de baixo valor, como motorizadas, bicicletas e carros. Nesse interim, não realizam melhorias nos serviços essenciais de que precisamos, como hospitais e escolas. Imagine se alguém sofre um acidente com a motorizada recebida e se machuca, porém não encontra um hospital em condições para oferecer tratamento propício (…)

Participante no. 8 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Conforme constatado entre os eleitores entrevistados, aqueles que acreditam, em alguns casos, por ligação de militância ou de admiração às lideranças, supostamente não levam muito em consideração a coerência e a idoneidade das promessas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 18: Motivos para acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Portanto, segundo o gráfico 18, os/as entrevistados/as que afirmam que acreditar nas promessas eleitorais dos/as candidatos/as nas últimas eleições, 29% afirmam ter confiança no candidato, 11% afirmam que o candidato apresentou um bom Programa de Governo e 61% não souberam responder.

Portanto, segundo o gráfico 18, entre os eleitores entrevistados que acreditam nas promessas eleitorais dos candidatos, 29% justificam a confiança no candidato como razão, 11% consideram que apresentou um bom programa de governo e 61% não souberam responder.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 19: Motivos para não acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Entretanto, os/as entrevistados/as que afirmam não acreditar nas promessas eleitorais do candidato nas eleições passadas, 14% afirmam que não acreditam porque não confiam no candidato e 44% afirmam que o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Entretanto, entre os eleitores entrevistados que não acreditam nas promessas eleitorais dos candidatos, 14% desconfiam e 44% mencionam o não cumprimento de promessas de campanhas anteriores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 20: Processo democrático.

Quando questionados/as sobre o processo democrático do pais, num universo de 152 entrevistados/as, 63% afirmam que a democracia serve para a paz e justiça social e 27% afirmam que a democracia serve para o desenvolvimento do pais.

Nesse sentido, questionados sobre a importância do processo democrático para o país, num universo de 152 eleitores entrevistados, 63% afirmam que a democracia serve para construir a paz e justiça social e 27% afirmam que a democracia serve para o desenvolvimento do país. Obviamente, os eleitores demonstraram que a democracia contribui para a construção de ambos objetivos, permitindo que os cidadãos tenham oportunidades de viver com dignidade.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 21: Significado do período da campanha eleitoral para o público-alvo.

De acordo com o gráfico 21, 58% dos entrevistados/as afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 22% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 9% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos.

De acordo com o gráfico 21, 58% dos eleitores entrevistados afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 22% responderam que esse período significa conflitos entre famílias, e 9% o interpretam como conflito entre partidos e candidatos. As respostas indicam que a leitura dos eleitores foca no que uma campanha deveria proporcionar, mas também demonstram receio quanto ao crescimento de riscos de conflitos sociais e disputas religiosas que o processo tem incorporado. No geral, os participantes observaram o período da campanha eleitoral como um momento de debate político e apresentação de propostas de governação aos eleitores, também apontaram para os riscos de descaracterização desses objetivos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 3 Quinara

1.3. PERFIL SOBRE A INFLUÊNCIA NO ATO DE VOTAR

Em Quinara, votar é entendido sobretudo como forma de escolher programas de governo e resolver problemas nacionais. Embora a maioria declare decidir autonomamente, persistem influências familiares, comunitárias e até práticas coercitivas como a mandjidura. Os grupos focais denunciaram ainda a compra de votos com motorizadas, arroz ou camisolas, distribuídos por líderes comunitários e chefes de tabanca. Esse processo reforça desigualdades e fragiliza a confiança, mostrando como o peso das estruturas locais e das trocas materiais ainda condiciona a liberdade de escolha, apesar da consciência de que o voto deveria expressar dignidade e soberania popular.

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Gráfico 22: Significado do ato de votar para o público-alvo.

O estudo também procurou entender o que significa o ato de votar para o público-alvo na região de Quinara. Assim sendo, num universo de 152 entrevistados/as, 34% afirmam que para eles o ato de votar significa eleger o candidato com melhor Programa de Governo.

Nessa parte, procurou-se observar influências que os eleitores sofrem ao votar. Ou seja, avaliou-se até que ponto eles são autónomos para decidir em quem votar, sem se deixarem influenciar pela escolha de terceiros. O estudo também procurou entender o significado do ato de votar para eleitores da região de Quinara. Assim, numa amostra de 152 eleitores entrevistados, 34% afirmam que votar significa eleger o candidato com melhor programa de governo, enquanto 29% consideram que significa votar num candidato com um bom programa do governo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 23: Motivos que justifica o ato de votar.

Segundo o gráfico 23, 90% dos entrevistados/as afirmam que votaram nas eleições passadas porque viram no candidato uma oportunidade de resolver os diferentes problemas que o país enfrenta.

Segundo o gráfico 23, 90% dos eleitores entrevistados afirmam que votam nas eleições com a expectativa de contribuir para a solução dos problemas do país. Teoricamente, esse posicionamento demonstra que os eleitores possuem um dos principais motivos que caracterizam o ato de votar: a procura de soluções para os desafios nacionais.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 24: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto vem por parte de:

Em relação a orientação na hora de votar, das respostas obtidas, os entrevistados/as afirmam que a orientação do voto vem por parte do pai/mãe (5%).

Em relação à orientação para votar, das respostas obtidas, 5% dos eleitores entrevistados afirmam que a orientação do voto vem dos pais. A maioria dos eleitores, no entanto, não soube responder, conforme o gráfico 24.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 25: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto é:

Entretanto, dos que não escolheram as opções acimas, 77% afirmaram que orientação de voto é pessoal.

Entretanto, entre os não escolheram as opções mencionadas, 77% afirmaram que orientação de voto é uma decisão pessoal.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 26: Influências na hora de escolher o partido. A minha orientação de voto é infuenciada tambem por:

Além disso, 4% dos/as entrevistados/as afirmaram que o voto também é influenciado por Mandjidura.

Além disso, 4% dos eleitores entrevistados admitiram que o voto também é influenciado por mecanismos coercitivos de controle social tradicional, designadamente, “mandjidura”*.

Durante o grupo focal, a reação dos participantes foi mais contundente, e eles admitiram a influência de terceiros na decisão de voto dos eleitores. Alguns participantes mencionaram partidos com importantes patrocinadores desse tipo de comportamento. Na opinião de um dos participantes:

O voto é influenciado por diversos fatores, incluindo a prática de alguns partidos que oferecem recursos financeiros aos eleitores em troca de apoio eleitoral. No decorrer das eleições anteriores, na mesa de voto em que trabalhei, houve casos de pessoas que tentaram levar seus telefones celulares para as cabines de votação com o objetivo de fotografar o boletim de voto, para comprovar que votaram em determinado partido. Outro fator que influencia o voto é o componente étnico. Nas eleições passadas, um grupo de pessoas de uma mesma etnia compareceu para votar; contudo, na segunda volta, o mesmo grupo não retornou, dado que o candidato de sua etnia não havia passado para essa fase. Essa situação evidencia a tenência de que a origem étnica pode afetar a decisão do eleitor. A educação cívica desempenha um papel fundamental na conscientização da população. No entanto, observa-se um significativo desinteresse do público em relação às campanhas de educação cívica promovidas.

Participante no. 8 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

De alguma forma, embora não assumida explicitamente, a decisão de voto é influenciada tanto pelos partidos que procuram comprar a consciência dos eleitores por meio investimentos e da disponibilização de bens matérias, quanto pela atuação de líderes comunitários, chefes de famílias e estruturas sociocomunitárias.

*Mandjidura: Mecanismo de interdição e punição baseado numa relação com a ancestralidade espiritual.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 27: Bens para angariar votos.

Além de serem influenciados/as de alguma forma, num universo 152 resposta em Quinara, 75% dos/as entrevistados/as afirmam que os partidos e os candidatos oferecem bens materiais para angariar voto nas comunidades.

Embora, em geral, os eleitores entrevistados não admitiram ser influenciados de alguma forma, num universo 152 respostas em Quinara, 75% asseguram que os partidos e candidatos oferecem bens materiais para angariar votos nas comunidades durante a campanha eleitoral.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 28: Os bens oferecidos para angariar votos.

Segundo o gráfico 28, os bens oferecidos para angariar votos nas comunidades são: motorizado (25%), camisolas (28%), arroz (22%) e dinheiro (10%).

De acordo com o gráfico 28, é possível enumerar alguns bens disponibilizados por partidos e candidatos para angariar votos, destacando-se: 25% das motorizadas, 28% das camisolas, 22% do arroz e 10% do dinheiro. Conforme mostramos nas outras regiões, não importa o tipo de bem mais disponibilizado, mas apenas compreender que essa ação ocorre exclusivamente durante o período da campanha eleitoral. Após esse período, os eleitores não apenas deixam de receber assistência, como também não conseguem mais contatar com os atores políticos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 29: Os beneficiários dos bens oferecidos.

Os principais beneficiários, segundo os/as entrevistados/as são: a comunidade (18%), o responsável local do partido (14%) e ou chefe de tabanca (20%).

Entre os principais beneficiários, segundo os eleitores entrevistados, afiguram estruturas sociocomunitárias e lideranças. Em suas respostas, 18% consideram a comunidade como um dos beneficiários, 14% acreditam que é o responsável local do partido e 20% consideram o chefe de tabanca. Conforme as indicações acima mencionadas, os bens são distribuídos a partir de estruturas comunitárias existentes e líderes de opiniões, e cada grupo, em função de sua capacidade de organização e densidade de seus membros, pode alocar mais benefícios.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 4 Quinara

1.4. PERFIL SOBRE O NÍVEL DE CONFIABILIDADE DO PROCESSO DEMOCRÁTICO NO PAÍS

Na região de Quinara, 82% dos eleitores defendem a exigência de escolaridade mínima para deputados e membros do governo, entendendo-a como condição para liderar e decidir com responsabilidade. Ao mesmo tempo, 73% consideram o desempenho democrático do país mau, o que traduz frustração e desconhecimento do verdadeiro sentido da democracia, como apontaram vários participantes. As instituições recolhem baixa confiança, com destaque para a Liga Guineense dos Direitos Humanos (24%). Há consenso sobre a necessidade de abrir espaço para mulheres e jovens, embora se ressalte que também precisam conquistar ativamente esses lugares. Persistem críticas à falta de transparência eleitoral e à divulgação tardia dos resultados.

regional

Gráfico 30: Nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Quando questionados/as sobre a importância da escolaridade mínima para deputados e governantes, os 82% dos/as entrevistados/as afirmam que sim deveria haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Esta parte traz observações interessantes sobre o nível de confiança dos eleitores em relação aos eleitos, sobretudo no que diz respeito aos seus níveis de preparo e, também em relação a aquilo que pensam do desempenho democrático no país. Em relação a importância da escolaridade mínima para deputados e membros do governo, os eleitores entrevistados demonstraram saber que é obrigatório que os responsáveis públicos tenham um nível aceitável de preparação. Em suas opiniões, 82% afirmam que deveria haver um nível de escolaridade mínimo para esses cargos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 31: Motivos para haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

De acordo com o gráfico 31, os entrevistados/as afirmam que é importante haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes pelos seguintes motivos: para ser um bom lider (16%), para poder tomar as melhores decisões (32%) e para ter a capacidade de governar melhor (27%).

De acordo com o gráfico 31, os eleitores entrevistados sustentam que é importante haver um nível de escolaridade mínimo para deputados e membro do governo pelos seguintes motivos: 16% consideram que é fundamental para se poder ser um bom líder, 32% são de opinião que é necessário para se poder tomar as melhores decisões e 27% justificam que é a base para se ter a capacidade de governar melhor.

Sobre esse assunto os participantes do grupo focal também são da mesma opinião e defendem o nível mínimo como condição para o acesso aos cargos de deputado. Segundo um dos participantes:

A população não é responsável pela eleição de deputados que não possuem a qualificação acadêmica para o parlamento. Isso ocorre porque os candidatos a deputado são indicados pelos partidos aos quais os eleitores são militantes ou simpatizantes, o que dificulta a seleção. Seria mais conveniente se a população pudesse escolher seus candidatos e apresentá-los aos partidos (…).

Participante no. 5 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Conforme se pode ver, a observação procurou ilibar os eleitores de qualquer responsabilidade sobre a qualidade de candidatos que são eleitos ao cargo de deputado e relegam esse fracasso aos partidos, por serem entidades responsáveis pela triagem dos candidatos ao parlamento. Ainda sugerem a necessidade de existir uma legislação que defina os critérios de quem pode ser candidato a deputado e membro do governo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 32: Nível de satisfação com o desempenho democrático no país.

Analisando o gráfico 32, percebe que 73% dos/as entrevistos/as afirmam que o desempenho democrático no pais é mau e 24% afirmam que o desempenho democrático é bom.

Analisando o gráfico 32, percebe que 73% dos eleitores entrevistados são de opinião que o desempenho democrático no pais é péssimo e 24% defendem o inverso.

De acordo com um dos participantes:

Discute-se a democracia, todavia ela ainda está por se concretizar, já que os valores democráticos não foram plenamente vivenciados. Desde início do processo eleitoral em 1994 até o presente, não há indícios de uma democracia consolidada. A democracia pressupõe que cada indivíduo seja livre para fazer suas escolhas. Na Guiné-Bissau, muitas pessoas não compreendem esse princípio e votam sem saber os motivos de sua escolha. Como é possível adquirir conhecimento político em um contexto em que se vota sem entender o propósito do voto?

Participante no.5 no grupo focal em Buba • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Aliás, as opiniões dos participantes no grupo focal consideram que a democracia ainda esteja num processo de construção e ela só vai passar a existir quando os eleitores terem a consciência da importância de seus votos na promoção do bem-estar comum.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 33: Instituições do país que inspira mais confiança.

Em relação a confiança que as instituições do pais transmitem, a Liga Guineense dos Direitos Humanos aparece em primeiro lugar, representado por 24%, segundo os/as entrevistados/as. Em seguida aparece a Presidência (13%) e depois a força de defesa (5%).

Em relação a confiança que as instituições do país transmitem, a sociedade civil, representada pela Liga Guineense dos Direitos Humanos, aparece com uma confiança relativa de 24% na opinião dos eleitores entrevistados. Em seguida, a Presidência da República, com 13%. No geral, percebe-se que os eleitores entrevistados da região de Quinara desconfiam do desempenho democrático das instituições democráticas.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 34: Oportunidade para as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

De acordo com o gráfico 34, verifica-se que 91% dos entrevistados afirmam que deviam começar a dar oportunidades as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

De acordo com o gráfico 34, verifica-se que 91% dos eleitores entrevistados alegam que deviam começar a dar oportunidades as mulheres e jovens para assumirem cargos políticos.

Essa questão é consensual e praticamente todos os eleitores são de opinião que o espaço público de tomada de decisão precisa ser democratizado. Mas, algumas contribuições do grupo focal responsabilizam mulheres e jovens pelas suas não representação nas esferas de tomada de decisão. De acordo com um dos participantes:

Em diversas ocasiões, discutiu-se a necessidade de oferecer oportunidades a mulheres e jovens. Não obstante, são eles mesmos que, frequentemente, elegem homens e candidatos que não atendem aos requisitos necessário (…)

Participante no. 5 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

A opinião critica à postura das mulheres e dos jovens ainda se nota na intervenção desse outro participante que considera que:

(…) as mulheres e os jovens devem receber oportunidades, entretanto não basta concedê-los gratuitamente é preciso que trabalhem para conquistar seus próprios espaços, visto que os atuais dirigentes não cederão seus lugares voluntariamente. É essencial que alcancem essas posições por mérito próprio (…).

Participante no. 7 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Se por um lado percebe-se que as mulheres e os jovens na qualidade de grupos maioritários precisam se consciencializarem para mudar o destino e a utilidade de seus votos, dando oportunidade a eles mesmos. Por outro lado, há um entendimento de que mudando as personagens pode-se também estar a criar oportunidade para o desenvolvimento do país.

E um participante foi mesmo perentório quando disse o seguinte:

É oportuno oferecer oportunidades para jovens e mulheres. Há muito tempo mantemos as mesmas pessoas em posições de atuação, sem observar resultados satisfatórios, portanto, é necessário promover mudanças. Dando espaço para que jovens e mulheres demostrem sua capacidade de contribuir positivamente para o país, possibilitando assim um avanço significativo.

Participante no. 6 no grupo focal em Buba. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-26

Pelas contribuições é consensual que mulheres e jovens devem participar nas esferas públicas de tomada de decisão, no entanto, são de suas responsabilidades a iniciativa de trabalhar solidariamente para conquistar seus lugares.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 35: Processo do voto na Guiné-Bissau.

Com relação ao processo de voto no pais, 28% dos/as entrevistados/as afirmam que há falta transparência ao longo do processo, 14% afirmam que se deveria aumentar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral, 14% afirmam haver atraso na divulgação dos resultados e 17% afirmam que se deveria realizar recenseamento em todas as comunidades.

Em relação ao processo de voto no país, os eleitores entrevistados demonstram alguma preocupação pela forma como tem sido organizado e 28% consideram a existência de falta de transparência ao longo do processo, enquanto 14% consideram que se deveria aumentar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral, 14% sustentam haver atraso na divulgação dos resultados e 17% defendem a necessidade de se realizar recenseamento em todas as comunidades.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 36: Opinião sobre o inquérito.

De acordo com o gráfico 36, 99% dos entrevistados/as na região de Quinara acreditam serem importantes as questões colocadas no inquérito.

No gráfico 36, pode se observar que 99% consideram importantes as questões colocadas no enquete. Certamente, as reuniões proporcionaram muito engajamento e oportunidade de pronunciamento sobre a importância do voto, do histórico do processo eleitoral no país e, consequentemente, das suas perceções em relação ao funcionamento das instituições democráticas. Enfim, em seus argumentos, repara-se muita expetativa em torno da democracia. Contudo tenham deixado patente a sobreposição da agenda pessoal em detrimento do coletivo, essa tem sido um entrave na sociedade e visa à rotura com os valores democráticos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.