UDJU RIBA DI NO VOTU

uma análise nacional e regional sobre as práticas E EXPERIÊNCIAS DO ELEITORADO em processos democráticos NA GUINÉ-BISSAU.

Sentido do voto na Região de Tombali

Regional 22/06/2022 — 31/10/2022 Região de Tombali, Setor de Bedanda, Setor de Cacine, Setor de Catió, Setor de Como, Setor de Quebo

A região de Tombali, no sul da Guiné-Bissau, distingue-se pela forte presença das etnias Balanta e Nalu e pela predominância do Islão. Com economia baseada na agricultura e população jovem, Tombali revela equilíbrios de género e forte adesão ao casamento tradicional. A região elege sete deputados, sendo espaço crucial para compreender dinâmicas democráticas em contextos rurais.

Eleitores 2018
39.704
Questionários
203
Meta %
0,5 %
Grupo 1 Tombali

1. PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E SOCIOECONÔMICO

Tombali, no extremo sul da Guiné-Bissau, é composta por cinco setores, mas devido a limitações logísticas o inquérito foi aplicado apenas em Catió, capital regional. Entre os 203 entrevistados, predominam Balanta (38%) e Nalu (17%), num quadro étnico diversificado. A população é jovem, com maioria entre 19 e 39 anos, e o equilíbrio de género é quase paritário (48% mulheres, 52% homens). A religião muçulmana (63%) predomina, seguida da cristã (32%). O casamento tradicional é a forma mais comum (91%), e a maioria dos agregados tem menos de 10 eleitores. Embora muitos tenham frequentado o ensino médio, persiste analfabetismo. A agricultura domina como fonte de subsistência.

regional

Gráfico 1: Etnias do público-alvo.

Segundo o gráfico 1, a etnia predominante entre os/as entrevistados/as no estudo na região de Tombali é a etnia Balanta, representada por 38%.

Segundo o gráfico 1, a etnia predominante entre os eleitores entrevistados na região de Tombali é a etnia Balanta que representa 38%, seguido por Nalu com 17%. Grosso modo, tal como nas outras regiões, percebe-se que não há territórios étnicos autênticos e Tombali também acolhe praticamente todos os outros grupos étnicos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 2: Faixa etária

A faixa etária dos entrevistados/as nessa região se encontra entre os 30-39 anos, representada por 27%, em seguida a faixa dos 19 a 29 anos, representada por 26%.

A faixa etária dos eleitores entrevistados nessa região é predominantemente jovem e se encontra entre os 30-39 anos, representada por 27%, em seguida a dos 19 a 29 anos, representada por 26%. Conforme temos visto ao longo do estudo, o perfil etário dos eleitores é praticamente o mesmo, e pertencem a faixa com uma vida associativa e política com muita intensidade.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 3: Sexo do público-alvo do estudo.

Num universo de 203 entrevistados/as na região de Tombali, 48% foram do sexo feminino e 52% do sexo masculino.

A participação de género foi relativamente equilibrada, e num universo de 203 eleitores entrevistados na região de Tombali, 48% pertence ao sexo feminino e 52% masculino.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 4: Religião dos entrevistados.

A religião predominante entre os/as entrevistados/as nessa região é a muçulmana, representada por 63%.

A religião predominante entre os eleitores entrevistados nessa região é a muçulmana, representada por 63%, seguida da cristã com 32%.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 5: Estado civil dos entrevistados.

No que diz respeito ao estado civil dos/as entrevistados/as, constatou-se que 67% são casados (as), 25% são solteiros (as), 4% são divorciados (as) e 3% são viúvos (as).

Já no que diz respeito ao estado civil dos eleitores entrevistados, constatou-se que 67% são casados, 25% solteiros, 4% divorciados e 3% viúvos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 6: Tipos de casamento do público-alvo.

Entre os casados, o tipo de casamento predominante é o casamento de usos e costumes, representado por 91%.

Entre os casados, a celebração é baseada em usos e costumes de cada grupo, e representa 91 % dos eleitores entrevistados.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 7: Capacidade eleitoral

Quando questionados/as sobre a capacidade eleitoral do agregado familiar, 75% afirmam que no agregado menos de 10 pessoas podem votar e 25% afirmam que no agregado mais de que 10 podem votar.

Todos os eleitores entrevistados têm alguém em casa em condições de exercer o seu direito de votar enquanto cidadão. E quando foram questionados sobre a capacidade eleitoral do agregado familiar, 75% afirmam que têm menos de 10 pessoas que podem votar e 25% afirmam que têm mais de 10.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 8: Nível de escolaridade.

De acordo com o gráfico 8, o nível de escolaridade predominante entre os/as entrevistados/as na região de Quinara é o nível de escolaridade entre 10ª – 12ª classe, representado por 21% em seguida o nível entre 7.ª – 9ª classe, também representado por 21%. E ainda se nota que 13% dos entrevistados/as não sabem ler e nem escrever.

De acordo com o gráfico 8, a maior parte dos eleitores entrevistados na região de Tombali frequentaram o ensino médio. O nível de escolaridade predominante é de 10ª – 12ª classe, que representa 21% e, de igual modo, o de 7.ª – 9ª classe, representa 21%. Ainda se nota que 13% dos eleitores entrevistados não sabem ler e nem escrever.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 9: Fonte de receita.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou ilucidar são dominios de atividades laborais dos/as entrevistados/as. Num universo de 203 entrevistados/as, 62% são agricultores/as, 11% trabalham no setor privado, 10% no setor público e 17% são comerciantes.

Outro aspeto relevante que o estudo buscou elucidar são domínios de atividades laborais dos eleitores entrevistados. E num universo de 203 entrevistados, 62% são agricultores, 11% trabalham no setor privado, 10% no setor público e 17% são comerciantes. Tal como verificado nas outras regiões, a maioria de eleitores são cidadãos com ocupação socio-laboral que participam na produção de riquezas que, direta ou indiretamente, apoiam o processo de construção da economia nacional.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 2 Tombali

1.2. PERFIL SOBRE A CONFIANÇA NOS CANDIDATOS/AS

Os eleitores de Tombali revelam uma participação eleitoral consistente, muitos já votaram várias vezes em diferentes modalidades de eleições. Apesar dessa experiência, a confiança nos partidos e candidatos é frágil. Boa parte não vota sempre no mesmo partido, alegando incumprimento de promessas e desconfiança, embora haja também fidelidade partidária e militância. A descrença nas promessas eleitorais é recorrente, com 67% a declarar que não acreditam nelas. Nos grupos focais, essa frustração aparece com força: votar surge muitas vezes como dever cívico, mais do que como esperança de mudança.

regional

Gráfico 10: Nº de vezes que o público-alvo já votou.

Quando questionadas/os quantas vezes já votaram, percebe-se que num universo de 203 entrevistadas/os, 42% assumem que já votaram pelo menos 5 vezes e 18% pelo menos 2 vezes. Essa parte introdutória sintetiza o quadro de informação sobre eleitores da região de Tombali e a seguir vai ser observada suas experiências e relações que estabelecem com o processo eleitoral.

Nessa parte o propósito foi de procurar observar o nível de confiança dos eleitores nos candidatos, mas sobretudo o que os levam a votar ou não em determinados candidatos ou partidos. Quando questionados quantas vezes já votaram, percebe-se que num universo de 203 eleitores entrevistados, 42% assumem que já votaram pelo menos 5 vezes e 18% pelo menos 2 vezes. Portanto, pode-se reconhecer que já acumularam alguma experiência para falar sobre as dinâmicas do processo eleitoral.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 11: Votação nas eleições gerais.

Em relação a participação nas eleições realizadas no país, percebe-se que 29% afirmam ter votado nas eleições gerais em 1994, 17% nas eleições de 1999, 29 % nas eleições gerais de 2014 e 25% nas eleições gerais de 2019.

Em relação a participação nas eleições gerais realizadas no país, 29% afirmam terem votado em 1994, 17% em 1999 e 29 % em 2014.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 12: Votação nas legislativas.

Em relação ao número de vezes que os entrevistados/as votaram nas eleições legislativas passadas, 26% afirmam ter votado pelo menos 6 vezes.

Em relação ao número de vezes que os eleitores entrevistados votaram nas legislativas, 26% afirmam terem votado pelo menos 6 vezes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 13: Eleições presidenciais.

E nas eleições presidenciais passadas, 26% dos entrevistados/as afirmam ter votado pelo menos 6 vez nas eleições presidenciais.

E nas eleições presidenciais, 26% dos eleitores entrevistados afirmam terem votado também pelo menos 6 vez. No geral, vê que nas três modalidades de eleições realizadas houve uma participação equilibrada dos eleitores e que lhes permitirão contribuir com o propósito do estudo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 14: Nível de confiança no partido.

Durante o diagnostico também foi possível medir o nível de confiança que os entrevistados/as possuem em relação ao partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 54% afirmam que não votam sempre no mesmo partido enquanto 46% afirmam que sim tem votado sempre no mesmo partido.

Durante o estudo também foi possível medir o nível de confiança que os eleitores entrevistados possuem em relação ao partido. Segundo o gráfico 14, verifica-se que 54% afirmam que não votam sempre no mesmo partido, enquanto 46% afirmam que têm votado sempre no mesmo partido. Provavelmente, nesse segundo caso dois aspetos podem contribuir para o entendimento do comportamento: primeiro, pode estar relacionado com a fidelidade da militância ou simpatia dos eleitores ao partido e, segundo, no contexto eleitoral guineense as questões histórico-ideológica, étnico e religiosa têm determinado a decisão de escolha. Essas ligações (e não só) supostamente têm em menor ou maior grau definido no país as opções de eleitores na hora de decidir o seu voto.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 15: Motivos para votar no mesmo partido.

E os principais motivos de terem votado sempre no mesmo partido são: confiança no partido (48%), confiança no programa de Governo (14%) e militância (26%).

E os principais motivos de terem votado sempre no mesmo partido são: 48% consideram a confiança no partido, 14% apontam a confiança no programa de governo e 26% justificam a militância. Conforme se vê pelas opções supramencionadas a confiança no partido surge com maior percentual em relação as outras opções. Ou seja, na cartografia eleitoral existem zonas consideradas de eleitores fixos que são reconhecidas como bastião de determinados partidos e candidatos onde, tradicionalmente, sempre têm se elegido.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 16: Motivos para não votar no mesmo partido.

E os/as entrevistados/as que afirmam que não votaram no mesmo partido nas últimas eleições pelos seguintes motivos: não cumpriu as promessas da campanha anterior (32%), falta de confiança no partido (43%) e mudança de partido (25%).

E os eleitores entrevistados que afirmam que não votam sempre no mesmo partido os seus motivos são: 32% porque o partido não cumpriu com as promessas da campanha anterior, 43% porque têm a falta de confiança e 25% por motivos de mudança do partido. Os argumentos apresentados demonstram a existência de coerência na postura desses eleitores na valorização de seus votos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 17: Nível de confiança nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Além de tentar analisar os principais motivos que influenciaram o votar ou não votar num determinado partido nas últimas eleições, o diagnostico procurou também analisar o nível de confiança dos entrevistados/as nas promessas eleitorais dos/das candidatos/as na região de Tombali. Num universo de 203 entrevistados/as, 67% afirmam que não acreditaram nas promessas eleitorais dos candidatos e 33% afirmam acreditar nas promessas.

Além de tentar observar os principais motivos que influenciaram a votar ou não num determinado partido nas eleições, o estudo procurou também compreender o nível de confiança dos eleitores entrevistados nas promessas eleitorais feitas pelos candidatos na região de Tombali. E num universo de 203 eleitores entrevistados, 67% afirmam que não acreditam nas promessas eleitorais e 33% afirmam acreditar.

O incumprimento com as promessas por parte de partidos e candidatos tem criado muita desconfiança na cabeça dos eleitores que, apesar de tudo, alguns ainda acham que vale a pena continuar a acreditar nas promessas. Caso, por exemplo, de um dos participantes96 que justifica a sua posição dessa forma:

Eu acredito sim. Porque nós é que temos a necessidade, e se
encontrarmos alguém que promete que vai fazer algo para nós,
aceitamos, embora com certa dúvida. E damos-lhe o nosso voto.
Acontece que depois das eleições já não se lembram de nós. Só
satisfazem as suas necessidades e pronto. Já votamos várias
vezes, mas nada foi feito. Eu voto pelo futuro dos meus filhos e
outras crianças, mas nada muda. Só peço a Deus que coloque
alguém que vai cumprir com a sua promessa.

Participante no. 9 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

Se da parte de uns ainda existem benefícios de dúvidas, para outros a deceção é muito forte e os levam a não acreditar radicalmente nos partidos e candidatos, mas afirmam que votam em cumprimento do dever cívico. Um dos participantes não escondeu a revolta ao justificar o seguinte:

Eu não acredito em nenhum político, voto porque é um
dever cívico que tenho que exercer. Não é porque acredito
nas suas palavras. Voto enquanto cidadão a exercer o seu
dever.

Participante no. 2 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

Para uma boa parte dos participantes no grupo focal as suas experiências nesse recente processo eleitoral e democrático os permitam afirmar que os atores políticos são todos farinha do mesmo saco. E um dos participantes98 disse que:

Pessoalmente já nenhum político me convence. Vou votar para
não ficar de fora, mas não voto porque me prometeram isso e
mais aquilo. As suas palavras não me convencem porque depois
não fazem nada para o povo, todos fazem a mesma coisa. Se
confiares num e não faz nada, depois volta a confiar noutro e
faz ainda pior (…).

Participante no. 7 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

Esse é o entendimento que os eleitores, sobretudo, os mais esclarecidos têm
das promessas eleitorais. Para eles, as promessas são apenas utilizadas como
expedientes durante a campanha eleitoral para mobilizar votos de eleitores e
não como um sério compromisso político.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 18: Motivos para acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Portanto, segundo o gráfico 18, os/as entrevistados/as que afirmam que acreditar nas promessas eleitorais dos/as candidatos/as nas últimas eleições, 37% afirmam ter confiança no candidato, 63 % confiança no programa de Governo.

Portanto, segundo o gráfico 18, os eleitores entrevistados que afirmam que acreditam nas promessas eleitorais, 37% justificam que têm a confiança no candidato e 63 % consideram que é por confiança no programa de governo.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 19: Motivos para não acreditar nas promessas eleitorais dos candidatos nas eleições passadas.

Entretanto, dos/as entrevistados/as que afirmam não acreditar nas promessas eleitorais do candidato nas eleições passadas, 40% afirmam que não acreditam porque não confiam no candidato e 60% afirmam que o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Entretanto, dos eleitores entrevistados que afirmam não acreditarem nas promessas eleitorais dos candidatos, 40% afirmam que não acreditam porque não confiam no candidato e 60% justificam que o candidato não cumpriu com as promessas das campanhas anteriores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 20: Processo democrático.

Quando questionados/as sobre o processo democrático do pais, num universo de 203 entrevistados/as, 73% afirmam que a democracia serve para a paz e justiça social e 27% afirmam que a democracia serve para o desenvolvimento do pais.

Quando questionados sobre o processo democrático no pais, num universo de 203 eleitores entrevistados, 73% afirmam que a democracia serve para a paz e justiça social e 27% afirmam que a democracia serve para o desenvolvimento do pais. Aqui apesar da disparidade entre as duas opções, a conclusão que se tira é a de que os eleitores compreenderam que a democracia precisa das duas coisas para sobreviver e poder assegurar aos cidadãos a construção do bem- estar comum.

E é exatamente nessa perspetiva que os participantes no grupo focal emitiram também as opiniões, assegurando que o respeito pelas regras se afigura como fundamental para garantir que a democracia realmente funcione. E um dos participantes99 considera que:

(…) a democracia serve quando se respeita as regras e cada um
seja dado o seu direito. Serve também para nos trazer a paz,
estabilidade e liberdade de expressão onde cada cidadão pode dar o seu ponto de vista. A democracia nos dá o direito de exigir
os nossos direitos juntos dos nossos governantes.

Participante no. 6 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

Resumidamente, embora insatisfeitos com as dificuldades que o ambiente
político produz e reproduz, o reconhecimento daquilo que a democracia é
capaz de proporcionar aos cidadãos numa condição de normalidade ficou
patente e reconhecida nas leituras dos eleitores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 21: Significado do período da campanha eleitoral para o público-alvo.

De acordo com o gráfico 21, 70% dos entrevistados/as afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 22% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 6% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos.

De acordo com o gráfico 21, 70% dos eleitores entrevistados afirmam que o período da campanha eleitoral é uma oportunidade para apresentar as preocupações da comunidade, 22% responderam que o período da campanha eleitoral significa conflitos entre famílias e pessoas na tabanca e 6% afirmam que significa conflito entre partidos e candidatos.

Basicamente, em todas as regiões, os eleitores não têm dúvidas sobre o significado da campanha eleitoral, mas, por exemplo, no grupo focal foi levantada preocupações sobre os riscos que estão a manifestar e que pode contribuir para mudar o sentido da campanha. E um dos participantes100 não teve dúvidas em dizer o seguinte:

Segundo os anos da minha experiência eleitoral, a Guiné-Bissau
era um exemplo porque as eleições decorriam de forma simples,
sem confusão entre a população, mas a partir de 2012 tem-se verificado vários problemas no período da eleição. Com isso
volto a repisar que não há ainda compreensão sobre a
democracia na Guiné-Bissau. Porque se entendermos a
democracia saberemos que cada um é livre de escolher o partido
que quer apoiar. Mas, também para apoiar o nosso partido
temos que saber qual a linguagem a usar, pois tem-se verificado
muito choque na forma de fazer claques por parte dos
militantes. Já vimos marido a obrigar a esposa a votar no
partido que ele apoia, mas não deveria acontecer, porque a
escolha é pessoal.

Participante no. 1 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

Conforme se constata, para maioria dos eleitores o significado da campanha
eleitoral é de discutir projetos políticos de governação que pode refletir
positivamente na vida comunitária. Por isso, reconheceram que o percurso
começou bem, mas nos últimos tempos tem sofrido alterações com
manifestações tendentes a provocar roturas no relacionamento entre
indivíduos, famílias e grupos.

No geral, os eleitores observaram o período da campanha eleitoral como de
debate político e apresentação de propostas de governação aos eleitores, mas
também apontaram para os riscos cada vez mais crescente de
descaracterização substancial desses objetivos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 3 Tombali

1.3. PERFIL SOBRE A INFLUÊNCIA NO ATO DE VOTAR

Em Tombali, o voto é percebido sobretudo como escolha de um partido que transmite confiança, mas essa confiança vem sendo corroída por práticas clientelistas. Embora 97% afirmem votar na esperança de resolver problemas nacionais, muitos reconhecem que prevalece o interesse pessoal ou comunitário. Os eleitores rejeitam, em teoria, influências externas, mas admitem que bens materiais — motorizadas, camisolas, arroz ou dinheiro — circulam durante as campanhas, beneficiando sobretudo jovens e associações locais. Esse cenário cria ambiguidades: o voto é visto como instrumento de cidadania, mas também como espaço de troca desigual e frágil autonomia.

regional

Gráfico 22: Significado do ato de votar para o público-alvo.

O estudo também procurou entender o que significa o ato de votar para o público-alvo na região de Tombali. Assim sendo, num universo de 203 entrevistados/as, 53% afirmam que para eles o ato de votar significa eleger o candidato que transmite confiança.

Nessa parte procurou-se observar influências que os eleitores sofrem na hora de votar. Ou seja, até que ponto eles são autónimos para decidir em quem votar sem se deixarem ser influenciados pela decisão de terceiros. Por isso, a questão que os eleitores foram colocados visa essencialmente saber o que significa o ato de votar para eles. Assim sendo, num universo de 203 eleitores entrevistados, 53% afirmam que para eles o ato de votar significa eleger um partido que transmite a confiança.

E no meio de uma crescente divisão e diversificação do sentido de voto, os participantes101 do grupo focal acham que a cada eleição que passa o exercício do voto está a perder o seu sentido de influenciar a promoção responsável das políticas públicas:

Hoje em dia o verdadeiro sentido do voto na Guiné-Bissau se
perdeu porque agora não se vota para desenvolver o país, mas
votam em troca por bens matérias ou para depois beneficiar de
certas regalias, prejudicando o resto da sociedade.

Participante no. 1 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

O ato de votar aos olhos de eleitores continua a ser um desafio, porque
segundo os mesmos, nem todos o encaram como uma contribuição que direta
ou indiretamente pode influenciar a construção do bem comum.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 23: Motivos que justifica o ato de votar.

Segundo o gráfico 23, 97% dos entrevistados/as afirmam que votaram nas eleições passadas porque viram no candidato uma oportunidade de resolver os diferentes problemas que o país enfrenta.

Segundo o gráfico 23, 97% dos eleitores entrevistados afirmam que votaram nas eleições porque viram no candidato uma oportunidade de resolver os problemas que o país enfrenta. Ou seja, teoricamente pelas respostas, os eleitores demonstraram saber que precisam votar para contribuir na resolução dos problemas de governação que o país tem. Só que momento de grupo focal reconhecem que na prática a realidade é, às vezes, contraditória e o ato de votar para a ter um carater completamente distorcido. E muitos votam pensando em resolver o seu problema pessoal ou do grupo o qual pertence.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 24: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto vem por parte de:

Em relação a orientação na hora de votar, das respostas obtidas percebe-se com o gráfico 24 que as respostas não alcançaram significância.

Em relação a orientação na hora de votar, das respostas obtidas percebe-se com o gráfico 24 que as respostas não alcançaram significância e 90% não souberam responder.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 25: Influências na hora de escolher o partido. A sua orientação de voto é:

Entretanto, dos que não escolheram as opções acimas, 80% afirmaram que orientação de voto é pessoal.

Entretanto, dos que não escolheram as opções acimas, 80% afirmaram que orientação de voto é pessoal.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 26: Influências na hora de escolher o partido. A minha orientação de voto é infuenciada tambem por:

Percebe-se com o gráfico 26 que as respostas não alcançaram significância.

Além de não admitirem a influência de terceiros nas suas decisões de voto, também não reconheceram a existência de práticas tradicionais e religiosas coercitivas que os influenciam a votar. Percebe-se pelo gráfico 26 que as respostas não alcançaram significância.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 27: Bens para angariar votos.

Além de serem influenciados/as de alguma forma, num universo 203 resposta em Tombali, 97% dos/as entrevistados/as afirmam que os partidos e os candidatos oferecem bens materiais para angariar voto nas comunidades.

Se por um lado descartaram não serem influenciados nas suas decisões de voto, por outro lado, num universo 203 resposta, 97% dos eleitores entrevistados são de opiniões que os partidos e candidatos oferecem bens materiais para angariar votos nas comunidades. E a questão que se coloca é a seguinte: por quê que os partidos e candidatos têm persistido nessa estratégia de “doação” de materiais diversos só durante o período da campanha eleitoral? Quem ganha e quem perde nessa suposta relação de troca de favores? Talvez essas e outras questões poderão ajudar a compreender até que ponto os eleitores não são autónimos em decidir livremente o seu voto. E como os mesmos reconhecem, a maioria apresenta alguma dificuldade em termos de compreensão do significado que um ato de votar pode significar na sua própria vida e na de todos os eleitores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 28: Os bens oferecidos para angariar votos.

Segundo o gráfico 28, os bens oferecidos para angariar votos nas comunidades são: motorizado (27%), camisolas (25%), arroz (17%) e dinheiro (15%).

Segundo o gráfico 28, os bens oferecidos para angariar votos nas comunidades são: 27% consideram que são as motorizadas, 25% acham que são as camisolas, 17% afirmam que é o arroz e 15% pensam que é o dinheiro. É uma luta em que cada partido procura influenciar votos, no entanto, no final o nível de satisfação entre eles não é o mesmo. Porque além dos bens materiais e dinheiro que são investidos, outros fatores como a capacidade organizativa, componente étnico-religiosa e presença nas estruturas governativas são também determinantes.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 29: Os beneficiários dos bens oferecidos.

Os principais beneficiários, segundo os/as entrevistados/as são: a comunidade (16%), o responsável local do partido (13%), associação de mulheres (17%), jovens (33%) e ou chefe de tabanca (14%).

Os principais beneficiários, segundo os eleitores entrevistados são: 16% acham que é a comunidade, 13% apontam o responsável local do partido, 17% consideram que é associação de mulheres, 33% justificam que são os jovens e 14% acreditam que é o chefe de tabanca. Aqui conforme anteriormente já foi mencionado, não importa o peso de cada grupo, mas é importante saber que são estruturas que intermediam as relações de troca de favores com partidos e candidatos. Conforme as indicações supramencionadas, os bens são distribuídos a partir de estruturas comunitárias existentes e líderes de opiniões e cada grupo em função de sua capacidade de organização e densidade associativa pode alocar mais benefícios para os seus membros.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
Grupo 4 Tombali

1.4. PERFIL SOBRE O NÍVEL DE CONFIABILIDADE DO PROCESSO DEMOCRÁTICO NO PAÍS

Em Tombali, quase todos os eleitores defendem a exigência de escolaridade mínima para deputados e membros do governo, vista como condição para liderança responsável. Apesar disso, 78% avaliam o desempenho democrático como mau, refletindo desconfiança nas instituições. A Liga Guineense dos Direitos Humanos e as forças de defesa foram as mais reconhecidas, embora esta última não seja ator democrático. A lei da Paridade inspira apoio, mas permanece mal cumprida, e 96% pedem mais espaço para mulheres e jovens. A transparência eleitoral é criticada, com destaque para falta de clareza nos resultados e insuficiente sensibilização cívica.

regional

Gráfico 30: Nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Quando questionados/as sobre a importância da escolaridade mínima para deputados e governantes, os 98% dos/as entrevistados/as afirmam que sim deveria haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

Essa parte traz observações interessantes sobre o nível de confiança dos eleitores em relação aos eleitos, sobretudo no que diz respeito aos seus níveis de preparo e, também ao desempenho democrático no país. Sobre nível de escolaridade, os eleitores entrevistados não têm dúvidas sobre a importância que esse requisito tem na melhoria do desempenho da democracia e de instituições democráticas. E foram muito claros na exigência de escolaridade mínima para deputados e membros do governo. Quando questionados sobre a importância da escolaridade mínima para deputados e membros do governo, 98% dos eleitores entrevistados afirmam que deveria haver um nível de mínima escolaridade para esses cargos.

De igual modo, os participantes do grupo focal também consideram que o acesso a esses cargos deve ter como um dos requisitos avaliação do nível de escolaridade. De acordo com um dos participantes:

A escola sempre é indispensável em qualquer ocasião e,
principalmente, quando se fala de uma pessoa que tem um
cargo público. Para mim um governante deve ter pelo menos
12º ano para saber dar a resposta satisfatória no momento
necessário.

Participante no. 7 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

A exigência dos eleitores é para assegurar que o cidadão que concorre ao
cargo do deputado ou nomeado como membro do governo esteja minimamente
preparado para a função.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 31: Motivos para haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes.

De acordo com o gráfico 31, os entrevistados/as afirmam que é importante haver um nível de escolaridade mínima para deputados e governantes pelos seguintes motivos: para ser um bom lider (27%), para poder tomar as melhores decisões (22%), para ter a capacidade de governar melhor (16%) e é importante saber ler e escrever (35%).

De acordo com o gráfico 31, os eleitores entrevistados afirmam que é importante haver um nível de escolaridade mínimo para deputados e membros do governo pelos seguintes motivos: 27% consideram que é o básico para se poder ser um bom líder, 22% acham que é importante para poder tomar as melhores decisões, 16% justificam que é necessário para assegurar a capacidade de governar melhor e 35% não têm dúvida que é importante saber ler e escrever.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 32: Nível de satisfação com o desempenho democrático no país.

Analisando o gráfico 32, percebe que 78% dos/as entrevistos/as afirmam que o desempenho democrático no pais é mau e 22% afirmam que o desempenho democrático é bom.

A insatisfação com o desempenho democrático ficou ainda mais reforçada com a manifestação de perda de confiança dos eleitores nas instituições do pais. O contexto de fragilidade democrática e vulnerabilidade institucional, levou os eleitores entrevistados a manifestarem a sua falta de confiança nas instituições do país. Analisando o gráfico 32, 78% dos eleitores entrevistados são de opinião que o desempenho democrático no pais é mau e apenas 22% afirmam que é bom.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 33: Instituições do país que inspira mais confiança.

Em relação a confiança que as instituições do pais transmitem, a Liga Guineense dos Direitos Humanos aparece em primeiro lugar, representado por 28%, segundo os/as entrevistados/as. Em seguida aparece a força de defesa (23%) e depois a Presidência (13%).

Em seguida, foram igualmente pedidos para demonstrarem a confiança que têm nas instituições do pais. Conforme se constata pelo gráfico 33, a Liga Guineense dos Direitos Humanos que representa as organizações da sociedade civil obteve 28% de reconhecimento. Na sequência aparece as forças de defesa com 23%. Como devem saber, as forças de defesa não é um ator do jogo democrático, mas o protagonismo que tem assumido nesse recente percurso democrático nos obrigou a incluí-la apenas para observar que leitura que dela vai ser feita pelos eleitores.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
regional

Gráfico 34: Oportunidade para as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

De acordo com o gráfico 34, verifica-se que 96% dos entrevistados afirmam que deviam começar a dar oportunidades as mulheres e jovens para assumir cargos políticos.

Procurou-se também observar a perceção dos eleitores sobre a questão do género. Durante a IXa legislatura foi aprovada no parlamento a lei no.4/2018, conhecida como lei de Paridade, que obriga o parlamento e o executivo a reservarem uma quota de 36% de representação para as mulheres. Apesar do esforço de organizações defensoras de direitos das mulheres, não houve por parte dos partidos o cumprimento das diretrizes da legislação. E perante a manifesta resistência masculina procurou-se questionar aos eleitores o que pensam sobre participação de mulheres e jovens na esfera de tomada de decisão. De acordo com o gráfico 34, verifica-se que 96% dos eleitores entrevistados afirmam que deviam começar a dar oportunidades as mulheres e jovens para assumirem cargos políticos.

De acordo com um dos participantes103 no grupo focal:

Será muito importante que sejam dadas oportunidades para
todos e assim quem sabe que andam em caminho diferente dos
homens e nos ajudam a desenvolver a Guiné-Bissau porque até
agora não colhemos ainda o fruto do que estamos a plantar.

Participante no. 8 no grupo focal em Catio. • Entrevista de grupo focal • 2022-06-22

Nas considerações dos eleitores, as mulheres e os jovens aparecem como
grupos que possam resgatar a esperança dos cidadãos que já não confiam que
os homens vão conseguir promover o desenvolvimento sozinhos.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 35: Processo do voto na Guiné-Bissau.

Com relação ao processo de voto no pais, 43% dos/as entrevistados/as afirmam que há falta transparência ao longo do processo, 14% afirmam que se deveria aumentar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral, 10% afirmam haver atraso na divulgação dos resultados e 17% aumentar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral.

Com relação ao processo de voto no pais, 43% dos eleitores entrevistados afirmam que existe a falta transparência ao longo do processo, 14% consideram que deveria reforçar os programas de sensibilização sobre o processo eleitoral e 10% apontam o atraso na divulgação dos resultados.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.
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Gráfico 36: Opinião sobre o inquérito.

De acordo com o gráfico 36, 95% dos entrevistados/as na região de Tombali afirmam serem importantes as questões colocadas no inquérito.

De acordo com o gráfico 36, 95% dos eleitores entrevistados na região de Tombali afirmam serem importantes as questões colocadas no inquérito. Portanto, momento como esse é visto sempre como uma oportunidade para qualquer cidadão emitir a sua opinião sobre o que pensam a respeito da importância de seu voto, como também do reflexo da democracia no desenvolvimento do país.

Fonte: Elaboração própria. Dados do estudo.